terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Gratas Lembranças do Cine São Luiz de Missão Velha

Por José Cícero Cine São Luiz.
Uma saudade eterna que carrego
onde quer que eu ande.
Antiga aventura que vivi quando menino.
Sétima arte - Universo que experimentei e fui feliz.
Cine São Luiz.
Espaço fantástico de uma Missão Velha antiga
que não existe mais.
Cine São Luiz.
Uma história aos poucos construída
e oferecida como dádiva
aos românticos provincianos
de um tempo ido;
protagonistas
do filme do seu próprio sonho.
Velhas utopias colossais.
Cine São Luiz.
Antiga aventura de um povo feliz.
Gritos de entusiasmos.
Gemidos e sussurros do pornô francês,
a que nós todos estávamos proibidos
e nossos ouvidos de felinos,
iam muito além dos seus portões.
Cine São Luiz.
Alegre passado em preto em branco,
depois colorido.
Retalhos de fitas,
películas que juntávamos
para o nosso São Luiz pequeno
que imitávamos pelas calçadas
das antigas ruas
que assim como nós
respiravam inocência e paz.
Cine São Luiz.
Noites de encantamento.
Projeções de puro êxtase.
Altivez de Chico Freire – o porteiro.
Ingressos caros de Dona Inês
para depois lá dentro
enchermos todos de pipocas
e fióis da velha Maria.
Deslumbramento cinéfilo
embalado pelo projetor de Breu.
Cuspindo fogo
e belas imagens no pano branco.
Cine São Luiz.
Um monumento eterno edificado
em frente ao Grande Ponto.
E a pracinha do Cristo-rei
um pouco adiante,
onde namorei pela primeira vez.
Rua Rosalvo Maia.
Coração da feira-livre.
Onde um dia assisti extasiado
o ínclito desafio,
de Patativa e Bil.
Cego Oliveira e o sanfoneiro.
O homem da mala com a sua cobra
a vender brilhantina e pomada
que curava tudo.
Bancas de cordéis
a que toda segunda
minha mãe me dava de presente.
Latadas de comidas típicas.
fita K-7 e discos de vinis.
Feira da farinha, da rapadura, dos passarins
e das panelas de barro.
Argila afamada do Arraial e da Cachoeira.
Cine São Luiz.
Uma saudade.
Tristeza que não tem mais fim.
Um patrimônio que não existe mais.
Onde um dia existiu o São Luiz
agora jaz um túmulo
em que sepultamos nossas reminiscências.
Hoje nem sua fachada existe mais.
Pois onde outrora existiu o São Luiz
Agora jaz,
um depósito comercial
de aguardente e cereais.
Cine São Luiz.
Uma lembrança que guardo
para o todo e sempre
no meu baú de ossos.
Memória de uma Missão-Passado
que igualmente ao São Luiz,
também não existe mais.
Posto que morreu para sempre em mim.
Cine São Luiz.
Recordação que me persegue,
que carrego em guardo
e que eu não esqueço,
jamais.
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(*) José Cícero
Secretário de Cultura de Aurora-CE
In Fractais Imensos(Inédito 2011)
Desenho: Erivan de Lavor(Seculte-Aurora)11
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