quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

MEIO AMBIENTE: Morreu a nascente: Secou o antigo Olho d'água de Seu Vinô

Secretário de Cultura e Turismo JC e Pedoca André no local da nascente seca
Paulo Magá, João Silva e Sebastião Maciel à margem da Nascente
Visão da nascente e o açude abaixo com a construção de casas bem próximo
Nascente agora totalmente seca

ECOSSISTEMAS AURORENSES

O que antes era só uma suspeita, agora é fato - A antiga nascente conhecida por todos como o "Olho d'água de Vinô" secou de vez(fotos).
Após anos e anos de intensas agressões sofridas a histórica nascente do bairro Araçá de Aurora sucumbiu. Com ela se apaga também um pedaço importante da história do município, vez que durante décadas, principalmente nos períodos de secas prolongadas, quando a população não dispunha ainda de  água encanada e mesmo após o abastecimento feito pelas águas do rio Salgado que logo secava, era o olho d'água de Seu Vinô que, que no dizer  dos mais antigos 'dava de beber' à boa parte da cidade, sobretudo os moradores do Araçá, onde a nascente está localizada.
Morador verifica a nascente
De modo que, acossado por  repetitivas queimadas, desmatamentos, entre outras atividades predatórias, a natureza sempre conseguia fazer a sua parte, ou seja, recuperar-se nos anos seguintes. Porém desta feita,  nascente  secou definitivamente, embora seja visível o crescimento de uma relativa cobertura vegetal no seu entorno compondo a chamada mata ciliar na sua maioria formada por espécies endêmicas da região: Jurema, Marmeleiro, Mufumbo, Favela, Joazeiro e uma variedade de arbustos e cactáceas. 
'Mas a água se foi', disse o caseiro da propriedade que  acompanhou a equipe na visita ao local para esta reportagem.
Vista da parede do açude e o corte feito para que a água escorresse
Coincidência ou não, o certo é que a morte da nascente se deu após a destruição do açude que ficava bem ao  lado um pouco mais a baixo aproximadamente uns 50 metros. Segundo dizem, a intenção é aterrar  o local para fins de loteamento. O que, aliás, já vem ocorrendo, visto que a construção de novas casas já chegou praticamente às margens do antigo açude e uma rua está sendo aberta nas proximidades do olho d'água ligando o bairro ao Alto da Cruz. O que certamente só vem piorar ainda mais a situação.
" Era uma Água muito boa", assegurou o senhor José de Zabé um dos moradores mais antigos da rua Bela Vista que dá acesso aquele ambiente. Um pena. 
Prof. Ronaldo Santos e Pedoca André na nascente seca
Em tempos de aquecimento global e crise hídrica assistirmos impassíveis a acontecimentos como este. O inverso do que atualmente se apregoa pelo mundo afora; quer seja as iniciativas de caráter preservacionista da natureza e dos recursos naturais.

Desde 2007 que a Revista Aurora em reportagem especial já alertava para as ameaças que pesavam sobre a nascente e o açude  chamando a atenção para a necessidade da preservação. Mais recentemente ventilou-se a possibilidade de doação do Olho d'água para à municipalidade e o seu necessário tombamento oficial para fins de preservação ambiental, transformando-o num espaço de visitação pública para o turismo ecológico, aulas de campo pelas escolas etc. Mas infelizmente a proposta não avançou. O certo é que a nascente morreu e o açude foi destruído após a abertura na sua parede.
O olho d'água de Seu Vinô Leite não era somente o único  ainda existente nas imediações do perímetro urbano de Aurora, mas inclusive,  era uma das últimas nascentes fluindo a duras penas  que se tem notícias em todo território aurorense. De maneira que, o seu fim, é muito mais  que um acontecimento simbólico simplesmente, mas um perigoso alerta a que todos os que têm um mínimo der consciência deveriam se preocupar.
UM ALERTA JUSTO E  NECESSÁRIO:
Solo desmatado e exaurido nas proximidades do olho d'água
 José Cícero e Sebastião Maciel(Dir. da AFA) em uma das visitas à nascente
Maciel dir. da AFA e Sec. JC no local
Além do rio Salgado que corta a cidade praticamente ao meio, bem como os açudes que a circundam(Recreio, Romão, 18 entre outros), Aurora precisa urgentemente defender a preservação destes mananciais ou pelo menos o que ainda resta deles. Já que ambos funcionam como um verdadeiro ar-condicionado natural, amenizando a temperatura com a elevação da umidade relativa do ar.  Além de possibilitar um verdadeiro microclima em torno da zona urbana. Mas, infelizmente, como se percebe, tudo parece caminhar na contramão da chamada consciência ambiental. O que não mais no futuro breve, mas já no momento presente trará graves consequências quando enfim será possível perceber que todo dinheiro não passa de uma mera ilusão. Posto que  nos momentos mais críticos é que haverão de perceber (quem sabe tarde demais)  que a vida realmente não tem preço.
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Da Redação do Blog de Aurora.