sábado, 22 de novembro de 2008

Bodas de Prata de Antonio Landim e Darc de Sousa são comemoradas no sítio Angico















Num clima de muita animação e alegria, amigos, familiares e correligionários do vice-prefeito eleito de Aurora Antonio Landim, bem como da sua esposa Joana Darc(eleita também vereadora) comemoraram na noite da última sexta-feira, 21, as ‘bodas de prata’ do casal. A festa do aniversário dos 25 anos de enlace matrimonial aconteceu na chácara dos homenageados no sítio Angico do Meio. Pouco mais de mil pessoas, além de políticos e autoridades locais se fizeram presentes ao acontecimento, dentre as quais o prefeito eleito Adailton Macedo e sua esposa Rose, o vereador mais votado na última eleição Chico Henrique, a atual presidente da Câmara Socorro Macedo, o ex-prefeito João Antonio de Macedo(João de Zeca), o advogado Idemário Tavares, o vereador Dr. Arnaldo França, professores, lideranças comunitárias, além de representantes do Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
A abertura ocorreu com a celebração de uma missa campal oficiada pelo vigário de Aurora padre Cícero Leandro. Após o ato religioso com a renovação simbólica do matrimônio, os homenageados ofereceram aos seus convidados um coquetel, regado a boa música e muita cerveja. Na ocasião também se comemorou os 81 anos de vida do senhor José de Sousa, genitor da vereadora Joana Darc, além da alusão a vitória da coligação “O povo construindo o novo” que elegeu Adailton Macedo e Antonio Landim.
Distribuídos num amplo espaço da fazenda, preparado especialmente para o acontecimento, os convidados estiveram inteiramente à vontade durante toda a festa curtindo o aprazível aconchego bucólico do local sob o céu de estrelas do sítio Angico.
Foi uma comemoração bastante acolhedora e que primou pela organização como forma de garantir comodidade e descontração a todos os convidados. Todas as mesas foram visitadas pelo casal de homenageados, inclusive pelo prefeito eleito Adailton Macedo.
Por: José Cícero
In Revista Aurora/O Povo

sábado, 8 de novembro de 2008

Aurora, jovem debutante e centenária



125 anos de emancipação cívico-política,
lutas e conquistas...
Esta é Aurora - Cidade aprazível e bela
De um povo forte e destemido.
Rainha do Cariri e que o Ceará tanto adora.
Encantamento natural de vales e serras
De um chão de riquezas em que o rio Salgado
Dorme, corta e fertiliza.
Cidade do Menino Deus,
Serra Azul, Aldemir , Ermenegildo e Amarílio.
Nem sua feição mais moderna
fê-la esquecer e se despir do seu antigo encanto,
há muito preservado e pastoreado pela história afora.
Da taberneira Aurora ao lado do rio,
aplacando o cansaço dos visitantes.
Do Negro Benedito zeloso na sua capela
Dobrando o sino do império,
Para provar ao coronel do Casarão
Que a sua fé era ainda mais forte
Do que o preconceito.
Aurora do entroncamento do primeiro trem - a Maria-fumaça.
Da grandeza do seu “ouro branco” - o algodão.
Da brava Marica, dos visionários padre França e padre Luna.
De Lampião, Massilon, Izaías e seus coiteiros na Ipueiras.
De padre Cícero, Bartolomeu e as minas do Coxá.
Da jagunçada: invasão e saque de 1908.
Aurora de um passado quase hermético,
Altissonante de batalhas e tantas glórias.
Mesmo, com tanta história para contar,
Aurora hoje, é uma jovem debutante.
que sonhara fazer-se mulher-centenária
apenas para mostrar de vez para o Ceará e o mundo
os seus finos dotes de mulher amada.
Além do quanto “trágica e tremenda” foi a sua história.
Seu aniversário por isso é uma festa de congraçamento
entre seus filhos, como um encontro de velhos amigos.
Um marco entre gerações que nunca perderam de vista
o sonho, a utopia, assim como a esperança de sempre acreditar
numa Aurora possível, moderna e renovada;
Tal qual uma criança enviada pelos deuses
e que ainda hoje permanece de braços abertos
sempre disposta a abraçar o tempo futuro.
Num abraço forte e altaneiro
com a exata dimensão do Salgado.
Aurora, guarida primeira dos índios Kariri-novos,
oriundos do além-fronteiras,
das sequidões da distante Borborema.
Aurora, orgulho indelével do Cariri -
Oásis de eternas grandezas enamorando os poetas.
arrebatando os colonizadores.
Sonho de vitória de um povo a se espalhar pelo mundo afora.
Terra do sem-fim de uma gente humilde, feliz e hospitaleira
a carregar nos próprios ombros, pelos anos afora,
toda a coragem necessária para a vitória.
Como no próprio peito, a ousadia de sempre construir novos caminhos.
Aurora é sinônimo de felicidade, ode à vida, devoção...
Pura crença num amanhã de conquista.
Esperança de um mundo melhor.
Voz de um povo que nunca se cala.
Amor a se derramar pelas veias e pelo chão
com se fossem as enchentes do Salgado
derramando-se por entre tantos, que porventura
não tenham olhos para ver os horizontes do porvir,
estampado no sol nascente
da Aurora que ora se renova graciosamente e bela
em todas as manhãs;
Como donzela a se enfeitar para o amante
Ou os Kariris a se pintar para a guerra.
Aurora é por fim, um estado de espírito.
Puro deslumbramento juvenil e coletivo
de uma gente que pensando grande,
Jamais perdeu a capacidade de acreditar.
Muito especialmente em todos os 10 de novembro
De cada ano.
Aurora é uma saudade eterna: máximo saudosismo
de um passado que nunca passa....
Por: José Cícero
In Revista Aurora

sábado, 1 de novembro de 2008

Meu baú de ossos e o colégio Agrícola do Crato

Há muitos anos, ainda nos idos de 1985, século passado, outro milênio... Tive um grande amigo, poeta tímido, tanto quanto eu – calado, introspectivo. Razoável domínio do vernáculo, quase um espert idiomático. Mostrou-me seus poemas hai-kai, 'dísticos', cordéis, sonetos...
Disse-lhe que tinha jeito para poeta. Ele aquiesceu num sorriso raro e cabisbaixo.
Trejeito impávido, sisudo, míope da vista, óculos fundo de litro...
Inteligente via muito além das lentes. Era um exímio construtor do estro.
Por intermédio da literatura, discutíamos a rotina da vida, a monotonia do colégio e as coisas do mundo.
Era como se diante dos livros nos fizéssemos gigantes. Titãs poemáticos que escolheram a literatura como um caminho. Mostrei-lhe meu opúsculo na época, ainda em rabisco.
Ele admirou-se e em seguida ficamos bons amigos. Lemos, estudamos, escrevemos, biblioteca farta, assim como a nossa juventude. Dali para frente a poesia libertou-nos do medo de sermos chamados de poetas. Achávamos por demais ridícula aquela afirmação. Ser diferente não era o nosso desiderato.
O que queríamos era simplesmente nos embriagar da eterna poesia de Lorca, Neruda, Bandeira, Poe, Augusto, Florbela, Vinícius, Patativa, Rimbaud, Drumond, Quintana, Baudelaire, dentre outros... Porém, não demoraria muito para que a professora nos delatasse à turma inteira.Com direito a leitura dos nossos primeiros madrigais.
Marcial Ferreira era seu nome, filho do Ipaumirim, para o qual fizera um soneto. Verdadeiro hino oferecido a sua Alagoinha. Tempo áureo do nosso Agrícola Colégio.Internato para os primeiros, utopia para nós todos. Chão fértil e rico das serras do Crato-CE; sopé do Araripe. Tempos idos, pleno de lirismo e sonhos em se mudar o mundo. Saudade de casa e da namorada, que quase nunca nos escrevia. Trabalho árduo, enxada, regador, calos nas mãos. Estudo noturno obrigatório, dias de cansaço e solidão. Bucólico esforço, ideal parasidíaco. Sofreguidão! Mata virgem, virgens meninos e meninas, virgem poética adormecida nos nossos cadernos de exercícios.
Os anos se passaram. Fim do período... Cada um seguiu para o seu lado. O mundo depois disso pareceu-me muito mais imenso: geodésico sentimento que eu ansiava pegar com as minhas próprias mãos. Nunca mais tive notícias dele. Não sei se vive ou se a vida se desfez do mesmo. Quem sabe aquele amigo tenha optado por se encantar de vez na serra do Crato, junto a sua poesia- a musa que nos fez acreditar nos sonhos e outras utopias. Ou ainda, quem sabe, mergulhara no seu poema mais triste à guisa de se proteger de um mundo ingrato. Como só seria possível a um poeta-amigo, vate singularíssimo da palavra, na mais humana disposição lídima do gesto.
O Agrícola agora, assim como ele(meu amigo), é uma miragem estranha perdida nas brumas de um passado longínquo. O tempo passou célere como sempre passam os bons momentos. Século pretérito... Deixando uma história de sonhos 'profissionalizantes' aprisionada no futuro do presente. As coisas mudaram de lugar, como de aparência e de sentido. Assim como todos os colegas do velho colégio. Nossos mestres, alguns desapareceram para sempre. Restando apenas a saudade e os conhecimentos perpetuados entre os seus discípulos. As árvores cresceram como se nelas se eternizassem todas as primaveras e a brancura teimosa dos nossos cabelos. Sulcos nos caminhos, rugas profundas dos nossos rostos como se fossem ainda hoje, as nossas idas e vindas sobre as serras verdejantes do belo Crato. A poesia por seu turno, deu sentido e um colorido especial à vida. Como um acerto de conta do presente com o passado. A ampulheta do tempo fincou nos nossos rostos de pedra, uma indisposição estética para a juventude. Nossos semblantes agora travam todo dia um novo combate com os espelhos. Como se o juizo final acontecesse numa sucessão irreversível todas as manhãs na nossa face. Somos por isso agora, grandes desconhecidos íntimos, perdidos na multidão de nós outros.
Quisera apenas que aquele poeta-amigo do velho Colégio Agrícola do Crato pudesse ao menos saber que a poética, assim como as lembranças, ainda permanecem comigo, como frases perdidas nas páginas soltas e amareladas de uma coletânea de reminiscências guardadas num baú de ossos.
Uma obra carcomida e ultrapassada que quase ninguém tem mais coragem de relê-la. Quisera saber do meu amigo, para finalmente abraçá-lo forte e poder dizê-lo que aquela minha poesia lírica e utópica agora virou verdades, esperanças e livros.
Recordações de um passado que nunca passa... E que se mantêm guardado para sempre no fundo das nossas memórias.
Por: José Cícero
In Overmundo