‘Respeitável público’! Lembremos do dia dedicado ao Circo...
Artigo dedicado a memória do palhaço Fuxico
Ùltimo circo a passar por Aurora em 2011 - Lateral da antiga estação:Antigo local que não mais existe visto que foi completamente ocupado pela especulação imobiliária
O dia 27 de março no Brasil é consagrado ao Dia Nacional do Circo. A data foi escolhida em homenagem ao famoso palhaço paulista Piolin que nascera neste dia, no distante ano de 1897. É lamentável que o dia dedicado ao Circo tenha praticamente passado em branco em todo o país. Nem mesmo nas escolas o dia do circo foi lembrando. E muito menos nos meios de comunicação.Já no tal Big Brother da Globo...(sic).
Como está sendo melancólico o acelerado processo de desaparecimento da arte circense em todo o Brasil. Logo o circo que no passado, por este país inteiro desempenhou um bonito papel no campo social, artístico e cultural. Num tempo em que a tecnologia era uma utopia distante e o progresso praticamente não existia, sobretudo nos longínquos rincões deste país, foi o circo que levava novidades, alegria, lazer e entretenimento.
A chegada do circo no nosso interior era de fato, um grande acontecimento social. Algo que conseguia mexer com o cotidiano da comunidade. Uma festa que instigava a emoção e a sensibilidades de todos os habitantes do lugar, muito especialmente das crianças e da juventude em eral. O circo, além de tudo isso, era igualmente uma ferramenta de educação popular que conseguia mobilizar parcelas importantes da sociedade por meio da arte, ludicidade e comunicação fácil.
Além de uma extensa lista de históricas brincadeiras que tinha o palhaço com a figura central do acontecimento, senão o mais importante personagem da companhia. O circo também ajudou a eternizar grande apresentações musicais, mágicas, malabarismo, danças, equilibristas, engolidores de fogo, velhas(baianas)dançarinas, domadores de animais, mágicos famosos e outras atividades inusitadas. Era também espaço importante para o surgimento de novos artistas pelo país inteiro.
Palco de renomados cantores e de grandes encenações teatrais. Peças consagradas pelo povão e de renomes mundiais. Obras da literatura e do teatro que só conseguiam chegar aos sertões, por conta do pioneirismo extraordinário do velho circo. Uma verdadeira máquina de promover um pouco de alegria e sonho num cenário em que muitas vezes, era a tristeza e o sofrimento que prevaleciam.
Quantas histórias e quantas tragédias não se passaram sob as empanadas do velho circo. Quantas recordações. Quantas saudades... Afinal de contas, o circo desde muito se constitui como uma das mais sensacionais memórias afetivas do povo. O circo, assim como o trem e os velhos parques de diversões, foram um dia, por assim dizer, a grande novidade de gerações inteiras, de tantas cidadezinhas longe de tudo; perdidas no oco do mundo...
Mas atualmente o que resta dele, está guardado para sempre no fundo do baú das nossas recordações mais sentidas e emocionantes. Uma saudade das mais doídas. Relembranças que ainda hoje povoam de bela imagens todo o imaginário coletivos dos brasileiros, notadamente os interioranos.
Com o fim do circo, fico ainda mais triste, imaginando que os meus filhos nunca terão a grata oportunidade(que eu tive) de puderem experimentar a gostosa sensação que era, está sob a empanada, diante do picadeiro e por sobre os poleiros de tábuas conferindo de perto(ao vivo) todas aquelas apresentações circenses. Coisas que o passado levou para bem longe e que não voltam jamais. Um passado de recordações das mais alegres e felizes...
E aí eu me pergunto: - Então, de que os meus filhos deverão sentir saudades? Se nada mais daquele verdadeiro fenômeno existe? Se o espetáculo circense há muito que terminou? É como se a própria vida perdesse um pouco do seu antigo brilho e do seu encanto. E o sonho houvesse realmente terminado. Como se o seu velho colorido romântico e artístico tenham se perdido, dissipados nas brumas do tempo.
Uma pena que nem mesmo hoje, no dia dedicado ao circo, os brasileiros sequer se deram conta desta simbólica homenagem a um dos movimentos mais importantes da história cultural e provinciana deste país continental.
Digamos assim, mesmo que ninguém mais se dê conta – Viva o circo! E que o circo viva para todo e sempre vivo dentre de cada um de nós. Pois somos privilegiados pelo fato de ainda termos memória e conseguirmos sentir saudades do passado.
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José Cícero
Secretário de Cultura
Aurora – CE.
Fotos: 1- Internet(caricaturas). 2 - Circo Kelvin e 3 - Palhaço Fuxixo de Aurora(- Arquivo JC)
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José Cícero
Secretário de Cultura
Aurora – CE.
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