quinta-feira, 23 de agosto de 2012

STF concede habeas corpus ao assassino da Missionária Dorothy Stang

Por José Cícero*______

Por forças de um habeas corpus concedido pelo ministro do STF Marco Aurélio de Mello foi solto
neste dia 22 de agosto o covarde assassino da freira americana radicada na Amazônia brasileira Dorothy Stang. Regivaldo Pereira Galvão, conhecido pelo tenebroso apelido de "Taradão", o mesmo se encontrava preso desde o dia 6 de setembro de 2011 no Centro de Recuperação de Altamira (PA), condenado que foi em jíri popular por um total 30 anos de prisão. Mas, como está sendo comum no Brasil - alguém dos representantes dos poderoso teve peninha do pobre criminoso, nada mais nada menos do que o ministro do Supremo Tribunal Federal(STF), um péssimo exemplo para uma nação que se diz se esforçar no sentido de combater a criminalidade e a impunidade. O pior é que a moda parace que pegou de vez. A presidenta Dilma acaba de decretar o indulto do Cabo Bruna - condenado a 117 anos de prisão por ter chefiado um grupo de extermínio em São Paulo nos anos 80, quando confessou ter matada pelos menos cerca de 50 pessoas. Mas agora está solto. Condenados foram todos os que ele assassinou como um verdadeiro fascínora das noites paulistanas.
Dirothy Stang: Naturalizada brasileira. Defensora ardorosa e destemida da floresta assim como dos povos da Amazônia, a missionária e ambientalista de 73 anos foi barbaramente assassinada com seis tiros desferidos por pistoleiros a mando dos madereiros e latifundiários da região no dia 12 de fevereiro de 2005. Um crime que tal qual o de Chico Mendes repercutiu no mundo todo. Fato lamentável que mais uma vez suou negativamente para a imagem do Brasil no além-fronteira. Mais uma prova de que por estas bandas, defender a floresta dos pooderosos é uma sentença de morte.
Na época, o governo brasileiro prometera fazer justiça. Uma forma de não se "queimar" ainda mais junto os organismos intebacionais e a opinião pública mundial. Pois, a comunidade interbacional ainda não esqueça por completa a morte do lider seringueiro Chico Mendes, assim como os massacres de trabalhadores de Xambioá e Carajás, só para citar alguns dos crimes ocorridos naquela região.
E mais recentemente, o casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo foi morto em uma “tocaia” muma estrada na Zona Rural de Nova Ipixuna (PA), na manhã de uma terça-feira em24 de maio de 2011.
A soltura do algoz da tal missionária, além de constituir um acinte a sociedade brasileira também corrobora o quanto será difícil combater a impunidade que historicamente tem assolada este país. Exemplos como estes é mais uma evidência, inclusive para o resto do mundo, de que no Brasil nada parece ser levado a sério. Nem mesmo a justiça que se diz moderna, cordata, séria e isonômica. O pior é sabermos que este demonstrativo está vindo não de qualquer instância, mas do STF. Então, o que será que a diplomacia brasileira irá dizer para o mundo, diante de acontecimento como este?
Todos os cidadãos brasileiros de bem há de se indignar com a maior de suas forças, diante de casos horripilantes desta magnitude. Posto que sempre que se comete uma injustiça cada um de nós, ficamos mais pobres, fracos, envergonhados e por conta disso, também corremos perigo. A morte da nobre missionária não pode, por nenhum motivo ter sido em vão...
(*) José Cícero
Porfessor, Escritor e poeta.
Secretário de Cultura e Esporte
Aurora - CE.

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EM RETROSPECTO: Acerca do Caso Dorothy Stang*

Em fevereiro de 2005 logo após o terrível assassinado da missionária/ambientalista Dorothy Stang, publiquei um artigo na seção de opinião do jornal Diário do Norte e n'O Estado, ambos da capital cearense - o que só agora percebi que mais parecia um vaticínio, tamanho era a minha indignação e revolta diante do triste acontecido, perante os ares da impunidade. O mesmo, era intitulado: "Dorothy no país do Big Brother". O que agora, por ocasião desta decisão lamentável do STF faço questão de republicá-lo aqui neste Blog.

DOROTHY NO PAÍS DO BIG BROTHER

JC 14.02.2005

Sr. Editor,

Neste momento singular e deveras histórico em que mais de quarenta países em desenvolvimento, considerados poluidores em potencial do meio ambiente começam a pôr em prática as principais recomendações ratificadas no protocolo de Quyoto* para a redução dos atuais índices de emissões de gases poluentes lançadas na atmosfera, inclusive com a recusa do maior deles – os EUA, não por acaso responsável por um quarto de todas as emissões dos chamados gases do efeito estufa.

O Brasil, como signatário de tal acordo e detentor da maior reserva florestal do mundo (a Amazônia), vem agora a ocupar espaços na imprensa mundial com a notícia do bárbaro assassinato da missionária americana naturalizada brasileira, Dorothy Stang, ocorrido recentemente (12 de fevereiro de 2005) no município de Anapu no Pará. Não por acaso, uma importante ativista, cuja luta em defesa do meio ambiente, dos trabalhadores rurais e dos povos da floresta é somente comparável ao próprio Chico Mendes que também foi vítima da sanha dos poderosos, assassinado também que foi por meio da pistolagem de aluguel que há muito grassa por aquela região.

De modo que, com mais este crime o Brasil assegura de vez junto a opinião pública ocidental/mundial, o posto de país onde o desrespeito aos direitos humanos é uma constante irrefutável. Só nossos governantes parecem não querer enxergar o óbvio, visto que de Chico Mendes até hoje o quadro não se modificou. A Amazônia continua sendo um antro fértil para o banditismo do crime organizado, onde o que impera de fato é a lei do mais forte amparada pelo silêncio cúmplice das autoridades e cada vez mais fortalecida pela impunidade. Um estado de injustiça financiado e alimentado pela política do atraso e o poder das elites latifundiárias que vêm consumindo a Amazônia como verdadeiros cupins.

O desmatamento ilegal, o contra-bando de recursos naturais como o da madeira, a grilagem de terras devolutas, a exploração das reservas indígenas e de áreas de preservação ambiental, a bio-pirataria, o garimpo clandestino, o trabalho escravo e pasmem, até a suspeita de invasão das nossas fronteiras por forças militares ianque. Esta é apenas, em síntese, a dura realidade da nossa “Amazônia legal”. Uma terra-de-ninguém onde a lei ainda hoje, é algo tão utópico que sequer existe para os mais fracos. Lá, quem se atreve a defender a floresta tem que conviver com o perigo da morte anunciada...

A freira Dorothy, infelizmente, não será a última vítima, dado que a lista dos que ainda estão marcados para morrer vai longe*...seu covarde assassinato logo cairá como tantos outros no esquecimento total e premeditado, sobretudo pela ótica dos poderosos e da nossa imprensa marrom.

Por outro lado, a ausência do estado naquela região não constitui nenhuma novidade. O que termina por facilitar a ação criminosa dos jagunços, latifundiários, garimpeiros e madeireiros, consolidando um estado paralelo dentro do verdadeiro estado. Uma organizações criminosas que há muito extrapolam os próprios limites da lei, chegando inclusive a estender seus tentáculos na política e outras instância do poder institucional.

Choramos um dia por Chico Mendes sob a frase lapidar de que sua morte não tinha sido em vão. Agora o que dizer desta missionária que deu a própria vida em defesa dos nossos irmãos esquecidos, oprimidos e entregues a própria sorte. Em defesa da natureza e da preservação das nossas florestas? Enquanto isso, o resto do país além de perder a tão necessária capacidade de se indignar perante a injustiça, já começa a dar sinais de esquecimento a este fato triste e vergonhoso que ainda está bem vivo no nosso presente como uma ferida aberta pela força da nossa própria indiferença e ignorância popular.

Um fato lamentável. Contudo, o que mais repercute hoje em todo o Brasil, inclusive mexendo as atenções da opinião pública do país não é o assassinato, mais o paredão do Big Brither da TV Globo. Quem diria! São os nomes dos indicados para o ‘educativo paredão’ do Big Brother.
Ora, também pudera, uma sociedade que se auto-imagina puder tudo, saber tudo, mas, no entanto, não faz absolutamente nada de substancial e interessante para solucionar os seus problemas mais candentes e mais gritantes... Só lhe resta mesmo o cinismo quase como uma unanimidade nacional.

Por: José Cícero
Aurora –CE.
(*) publicado originalmente nos jornais Diário do Nordeste e O Estado.

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