quinta-feira, 23 de outubro de 2008

AURORA: Pesquisadores da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço(SBEC) são recebidos por representantes da Revista Aurora


Na manhã do último domingo, 19 a Revista Aurora a frente o seu editor e redator José Cícero juntamente com os professores Ronaldo Santos e Luiz Domingos recebeu a equipe de pesquisadores da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço(SBEC) com sede na cidade de Mossoró no Rio Grande do Norte. Pouco mais de dez pesquisadores estiveram em Aurora no sentido de visitar alguns dos locais frequentados por Lampião quando das suas passagens pelo município salgadiano. Dentre os locais visitados pela SBEC destacam-se o sítio Ipueiras( onde ocorreu a tentativa de envenenamento e emboscada do rei do cangaço e seu bando), o sítio Ribeiro(local do confronto entre os cangaceiros e a volante do Governo), além do antigo prédio da estação ferroviária onde aconteceu o célebre assassinato de um dos maiores coiteiros do rei do Cangaço no Cariri, Izaías Arruda. A equipe da SBEC esteve representada pelo seu fundador e presidente de honra o escritor e pesquisador pernambucano radicado em Mossoró Dr. Paulo Gastão, o professor e historiador da UFCG de Cajazeiras-PB Francisco Pereira, A drª Francisca Martins, neta do cangaceiro Sabino Gomes, o pesquisador e poeta Kydelmir Dantas, além de outros intelectuais integrantes da imensa plêiade dos estudos lampiônicos. A primeira parada da equipe da SBEC se deu na residência do Sr. José Bernardo atual proprietário da histórica fazenda Ipueiras que antes pertenceu Zé Cardoso e Izaías Arruda.
Reportagem para a Revista Aurora:
Na oportunidade, o professor José Cícero, aproveitou para distribuir aos pesquisadores o mais recente número da revista Aurora juntamente com sua última obra “Enxada, Foice e Suor”. Além disso, realizou uma série de entrevistas com alguns integrantes da SBEC com vistas à reportagem especial que a Revista está preparando para a próxima edição, dando continuidade a pesquisa referente a passagem de Lampião pelas terras aurorenses. A próxima edição da RA está prevista para meados de janeiro. “Estamos concentrando esforços no sentido de que a nossa Revista Aurora possa a partir de então ter uma periodicidade garantida. Vida longa como desejamos. Acreditando que desta feita os mecenas aurorenses compreendam a importância do nosso esforço e, sobretudo deste projeto científico-literário e jornalístico”, explicou o editor. “Cremos que de agora em diante, não haverá mais espaço para as velhas incompreensões. Porque novos tempos são sempre propícios às boas idéias. A visita da SBEC à terrinha é uma constatação inequívoca do enorme potencial histórico e cultural deste município. Coisa que a Revista Aurora já vinha insistindo desde o seu número de estréia”, finalizou.
Durante a visita, os pesquisadores da SBEC em conversações com José Cícero também confirmaram a disposição da entidade em realizar o 2º Seminário sobre o Cangaço na terra do Menino Deus. A proposta será discutida com o prefeito eleito Adailton Macedo logo após sua posse que acontece em janeiro, ponderou o redator.
Seminário do Cangaço:
Durante todo o sábado, 18 a SBEC havia realizado em Cajazeiras - PB o 1º Seminário do Cangaço daquele município, sob o tema: Lampião, Cangaço e Nordeste. Oportunidade em que foram divulgadas tanto a cidade paraibana, quanto a pesquisa e discussão acerca do Cangaço e a Cultura nordestina de um modo geral. O evento contou ainda na sua programação, com mostra e feira de livros, palestras, debates, apresentações culturais e passeio histórico por algumas das ruas de Cajazeiras por onde Lampião e seu bando passaram em confronto com adversários e desafetos.
Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço - SBEC:
A Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço foi fundada em 13 de junho de 1993, data do aniversário que relembra a entrada de Lampião e seu bando na cidade de Mossoró -RN. É uma entidade sem fins lucrativos que coordena um maior entrosamento entre os pesquisadores, escritores e artistas brasileiros que estudam e divulgam não somente o cangaço, mas o Nordeste como um todo.
Assuntos como Cangaço, Coluna Prestes, Canudos, revoltas: Praieira, Balaiada, Cabanagem e Quebra-Quilos, Canudos, Calderão; Juazeiro, Padre Cícero, Delmiro Gouveia e o progresso do nordeste, Quilombos, movimentos messiânicos, Luiz Gonzaga, Patativa do Assaré, Jackson do Pandeiro e a Música Popular Nordestina; a Cultura e a Arte nordestinas são prioridades nos estatutos da SBEC para o debate e a divulgação em eventos espalhados pelo Brasil e o exterior. A entidade é composta por: Escritores, Pesquisadores, Poetas, intelectuais e alunos que se interessam pela pesquisa hitórico-sociológica do Nordeste e do Brasil.
Depoimentos de alguns representantes da SBEC:
“Queremos fazem com que os jovens conheçam, estudem e compreendam a história do Nordeste e do Cangaço, disse o professor paraibano Francisco Pereira”.
O papel da SBEC é congregar cada vez um número de pessoas que estejam dispostas a estudar as nossas origens... Eu me sinto extremamente satisfeito por está pela primeira vez em Aurora. Passei muitas vezes pela BR 116 e sempre quis vir a Aurora.
Então Aurora representa a definição que corre o mundo de que foi daqui pela mente do Izaías Arruda que tudo se formou com o Zé Cardoso e o Massilon. Este último teria sido o grande informante sobre o núcleo urbano de Mossoró. As notícias que o Massilon traziam eram de que aquela cidade já era grande, com iluminação, calçamento e banco. Mas a primeira a ser atacada foi Apodi(maio), depois é que foi Mossoró em 13 de junho de 1927. Era Massilon da Aurora, o homem que conhecia os caminhos e as pessoas consideradas ricas, quem era importante e quem não era”, afirmou Paulo Gastão.
Estar em Aurora é plantarmos uma semente e depois verificarmos como que nós ao sairmos daqui vamos dizer o que levamos: A boa acolhida, o aspecto da cidade em si nos pontos que nós conhecemos e, vamos ver como podemos dizer aos outros: 'vá para Aurora e experimente do que eu experimentei'. Gostaríamos de criarmos um ele de ligação entre Aurora com o seu povo e sua história para que os outros que estão lá fora e não sabem da pontecialidade aqui existente tome conhecimento deste fato. Então é preciso que haja a confirmação inicial no sentido de que Aurora não pode e não deve em momento algum esquecer de um trabalho profícuo de resgate da nossa própria história. Nós não podemos cometer erros como cometeu o Americano que quando perdeu a guerra do Vietnã passou a escrever seus livros afirmando que havia ganhado. Vamos escrever nossos livros e não esquecer de que houver Cangaço... Não vamos deixar de exaltar, por exemplo, a figura de Conselheiro, a partir de Quixaramobim no Ceará. Um homem que aglutinou os pobres nordestinos e sertanejos. A nossa defesa tem que ser intransigente da nossa terra, da nossa cultura; mostrando aquilo que deve ser mostrado. Sinto-me muito satisfeito, por ter sido bem recebido aqui em Aurora como ontem fui em Cajazeiras.
Ipueiras: estou fazendo um trabalho intitulado a geografia do cangaço ou a geo-história. "Nós estamos plantando uma semente aqui em Aurora e você vai ser o homem que vai agua-lá. Vou sai daqui fortalecido, engrandecido com o conhecimento que adquiri. Cheguei um ‘cabra do Mobral’ e saio um doutor"... concluiu.
Kydelmir Dantas – "Não vemos Lampião nem como bandido nem com o herói, mas como história. Estamos hoje em Aurora para conhecer por onde passou o bando de Lampião, com quem manteve contato, quem deu apoio, pois a partir daqui é que saiu toda a trama para o ataque a Mossoró no dia 13 de julho de 1927... Não se pode dissociar o cangaço do coronelismo, da música popular nordestina, da coluna Prestes, da literatura do Cordel, enfim de um grande leque em que está ligada a SBEC. Uma entidade consolidada até internacionalmente há 15 anos, já que temos mais de cem sócios espalhados pelo Brasil e pelo exterior que se preocupam em estudar os temas relacionados a pesquisar e a divulgação da história, a geografia e sociologia do Nordeste, disse.
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Por: José Cícero - In Revista Aurora
Aurora – CE.

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