quarta-feira, 6 de abril de 2011

Pensando e repensando o "meu bairro na TV.

Por José Cícero Fotos feitas na manhã desta quarta-feira, dia 6.4.11

Foi por demais oportuno termos recebidos recentemente aqui em Aurora na última semana de março a equipe de reportagem da TV Verdes Mares Cariri. Uma emissora que agora começa a se interessar pelos acontecimentos que compõem o contexto real do nosso Cariri cearense, quer seja: político, social, econômico, cultura e histórico. Provando e comprovando de uma vez por todas, que, a despeito de todos os anos de indiferença com que a grande mídia tem tratado o nosso interior, somos também “fazedores e consumidores” de boas notícias. Tanto quanto a sociedade, tida como litorânea, no mais das vezes atreladas às grandes metrópoles. E, diga-se de passagem, que não estou aqui me referindo tão somente a existência das tragédias humanas... que, grosso modo, têm sempre interessado prioritariamente à mídia nacional. Digo isso porque é evidente que a miséria, como filha genuína da nossa tragédia histórica, tem sido, por assim dizer, o cerne da pauta do nosso jornalismo rasteiro que “eles” preferem chamar de popular. O que eu, prefiro denominar de “shownalismo” que nenhum serviço tem prestado à sociedade brasileira. Contudo, é correto se afirmar que, muito mais que agruras e sofrimento o nosso interior tem muito o que mostrar de bom e saudável para o resto do país . Às chamadas elites das capitais que ainda hoje só sabem nos olhar meio que de soslaio, isto é, pela ótica do preconceito. Como se aqui embaixo, estivéssemos vivendo num outro país. O que nos falta justamente, é ousadia para gritarmos nossas verdades com base não apenas nos deveres, como igualmente no direito que também nos cabe. Reivindicar a parte que nos toca, além da ausência de grandes empresários que nos grandes centros patrocinam a imprensa, notadamente a televisiva é algo que nos ressente de ser concretizado. É preciso que a democracia que tanto falam da boca pra fora, também se corporifique na comunicação social como uma das argamassas fundamentais para a construção efetiva da cidadania. A parte boa, no entanto é sabermos que tudo está, aos poucos, melhorando num processo de acomodamento, por isso mesmo se aperfeiçoando sensivelmente. E digamos, que a idéia da TV Verdes Mares em se interiorizar já é algo digno de nota e elogio. Assim como, o novo quadro: 'Meu Bairro na TV'. Pois estamos cansados da velha e inoperante padronização programática. Um outro Brasil regional precisa mostrar a sua cara... Contudo, nunca é demais levar para o resto da região e, por que não dizer, para todo o país e o mundo, um pouco daquilo que temos de interessante e que vivenciamos no nosso dia-a-dia. Como igualmente, nunca é demais mostrarmos o que temos de melhor, como de resto aquilo que também nos inquieta e por conseqüência, nos alegre ou nos aflige no seu contexto mais geral. Em síntese, a existência de um canal de TV não apenas instalado no Cariri, mas sobretudo que consiga ter a cara da região é algo fundamental para que o estado e o resto do país possa enxergar nossa luta e saber das nossas potencialidades nos mais diversos ramos sociais. Nesta perspectiva é que ressalto como essencial a existência da Verdes Mares Cariri, notadamente agora que resolveu sair do eixo que há muitos denominaram de Crajubar, posto que o Cariri vai muito além deste aglomerado urbano. O Cariri é pluralmente engajado, na medida que se abre para um entendimento mais solidário para os seus pares. E deste modo, se fará muito mais forte e coeso naquilo que a sua gente entende como prioritário no sentido do seu bem-estar coletivo. E a imprensa regional tem muito a ver com este processo de construção da nossa identidade sócio-cultural, política e econômica neste recente contexto de mundo globalizado.


E, como falo de inquietações, é forçoso dizer que, malgrado ter assistido na última sexta-feira(1) no jornal da emissora a formidável reportagem que enfocou Aurora, especialmente a realidade do bairro Araçá, assim como a pujança da sua cultura local. Em cuja matéria participei na condição de um dos seus entrevistados ao lado dos nossos escultores(Zomim d’Aurora e Painho). Quero, contudo, dizer da minha veemente discordância com o que ao vivo no Studio falou o Sr. Gerente regional da Cagece em relação a situação por que vive nossa cidade no aspecto de atendimento do órgão quanto ao abastecimento de água e os serviços de esgotos. Serviços que, aliás, tem piorando sensivelmente nos últimos meses. Ora, não é novidade para ninguém que os rompimentos e vazamentos da tabulação de água e de esgotos são recorrentes, assim como a demora na correção dos defeitos virou uma realidade bastante comum. Ainda por cima, soma-se a tudo isso, a questão da falta de água, que, diga-se de passagem, tem sido uma constante. Uma contradição, se levarmos em conta, todo o potencial hídrico disponível no açude Cachoeira com pouco mais de 34,3 milhões de metros cúbicos de água.


O vazamento da tubulação na rede de esgoto é algo grave, vez que coloca em risco a saúde da população. Ao contrário do que disse o Sr. Representante, não existe agilidade nos serviços de correção . Sabemos disso, pois sentimos na própria pele a desatenção para com a solução de tais problemas. Calçamentos estão sendo danificados por conta destes defeitos e o desperdício de água é algo gritante e contumaz. Isso é o que se percebe na superfície. Imagine o que não se perde de água pelo chão a dentro? Por sinal, no momento da entrevista e da exibição da reportagem estava faltando mais uma vez mais água em Aurora. Temos ainda quase 3 km com a água da adutora que vem do açude Cachoeira por gravidade correndo a céu aberto por um riacho até chegar na 1ª estação de bombeamento.


No período na quadra inverno o problema se agrava ainda mais. Ao ponto de água se tornar imprestável para o uso prioritariamente doméstico. E aí o comércio bate verdadeiro recorde na venda de água mineral. A população que tem condição termina pagando por dois tipos de água: a da Cagece amarela e barrenta e a dos tonéis minerais que vem de fora. Mas digamos que o maior preço quem paga é o meio ambiente. Pois quanto não se gasta de combustíveis fósseis para que esta água mineral chegue até nós. Alguém por acaso, saberá ao certo quanto de emissões de poluentes está sendo jogado na atmosfera e, por conseqüência contribuindo com o aquecimento global apenas com este transporte?


E não é apenas a turbidez que preocupa. Segundo informou na própria reportagem a representa da secretaria de saúde do município Dra. Lorena. Exames recentes dão conta de que nas amostras coletadas foi verificada a presença de coliformes fecais. O representante regional da Cagece, no entanto, disse na TV que não. Penso que um laboratório independente deveria ficar encarregado desta análise, pois acho improvável que a própria Cagece viesse a público informar que a água que nos vende estaria imprópria para o uso doméstico. Temos que estar atentos, para o efetivo principio da precaução. Pois nada pode ser mais valioso do que a saúde da população. Por outro lado, a taxa cobrada pelo serviço de esgoto é exorbitante se levarmos em conta o poder aquisitivo da nossa população. Além, claro, da própria deficiência na sua execução.


Ainda existem esgotos correndo sobre a superfície das ruas, no mais das vezes por falta de uma fiscalização mínima, não apenas nos bairros mas inclusive no centro da cidade. Vez que até mesmo nas artérias onde já existem a tubulação do esgoto muitos moradores continuam a despejar águas de pia e banheiros sobre o pavimento. O que agora com o asfaltamento o problema ficara muito mais visível. Há(vez por outra) vazamentos crônicos de dejetos em locais que sempre se repetem, inclusive no local onde ocorre o bombeamento para a estação de tratamento. Não raro, também é o mau cheiro nas imediações da ET, que por sinal fica localizada (pasmem) próxima de uma escola e de um vila. Quanto aos defeitos nas tubulações, é possível se ver que tais medidas de correção são apenas de caráter paliativo.


Durante as chuvas o problema se agrava ainda mais. Ora, se as águas pluviais estão adentrando as tubulações, isso constitui mais uma evidência da falta de fiscalização e acompanhamento. E, quando os dejetos dos esgotos(com ou sem chuva) escorrem sobre o calçamento, a população corre sérios riscos de contrair diversas doenças. O curioso é que se estar pagando por este serviço. Não tenhamos dúvida, de que o preço social disso tudo é altíssimo...Temos sim, que reclamar e pôr em xeque as nosssas mais ingentes precupações. Mais uma vez: nunca nos esqueçamos do "princpipio da precaução", posto que é melhor prevenir do que remediar.E, em se tratando de saúde pública isso émuito mais que um simples axioma. Ainda existem ruas sem a devida coleta de esgoto é bem verdade.


No entanto, qual a razão de não se providenciar o quanto antes a conclusão da obra de saneamento? E por que não corrigir em definitivo os erros existentes na parte que está concluída? Não tem explicação para o desperdício de água, quando atualmente o mundo todo já debate o uso racional do preciso líquido. A água tem que ter a sua função social. Não podemos vê-la apenas com a visão de mercado, ou seja, como uma mercadoria a serviço do capital. Antes de qualquer lucro financeiro-empresarial é preciso respeitar e atender os interesses da população. A água é um bem social e por direito natural a todos nós ela pertence. Muito mais do que dinheiro, a água é o símbolo maior da vida. E isso é o mais importante.


Precisamos não perder de vista o respeito e a vigilância a este incomensurável recurso natural. O bem maior de toda a vida. Quem sabe, a expressão maior de Deus na Terra. Quem trabalha e cobra pela água tem que dá bom exemplo e não o contrário. A população também se ressente de uma insuportável fedentina que há meses, vez por outra, vem se repetindo sobre os ares da cidade de Aurora, principalmente do bairro Araçá no período da noite. Por sinal o tema da Fedentina, foi discutido na Câmara de vereadores em sessão plenária ocorrida no último sábado, dia 2, quando vários do edis presentes abordaram acerca do tema com preocupação.


Enfim, inquietações que pesam sobre o cotidiano da nossa população e, que não foram devidamente enfocados pela reportagem. Porém, se ninguém a mencionou, a emissora de TV (evidentemente) não tem ‘bola de cristal’. Que outras reportagem sejam feitas, pois deste modo, um valioso serviço estará sendo prestado a toda população aurorense...


No entanto, há por assim dizer, um verdadeiro temor por parte dos nossos munícipes em tocar em certos assuntos que de alguma maneira estão ligados a outros interesses de elite, diferentemente do nosso coletivo populacional. Contudo, algo de efetivo precisa ser feito no sentido de se resolver o quanto antes, todos estes problemas que estão a afligir a nossa população. Afinal de contas, o interesse público tem que está acima de qualquer outro interesse... ...........


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Fotos: Tubulação entupida do esgoto/água-dejetos sendo derramados sobre o calçamento no cruzamento das ruas Nereu Gonçalves(da Cerâmica) e Cícero José do Nascimento ao lado da creche comunitária. Um problema que se repete desde que os esgotos da Cagece começaram a operar. Um defeito crônico a ser definitivamente solucionado.

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