segunda-feira, 6 de setembro de 2010

7 de setembro, um dia congelado.

Por José Cícero7 de setembro agora é uma lembrança que carrego ecoando longe nas brumas do tempo de uma época em que fui menino. Estudante feliz dos colégios da minha terra - cidadezinha calma e aprazível que hoje só existe na minha memória saudosa das coisas que vivi outrora.
7 de setembro agora é uma saudade tocando fundo os mais íntimos sentimentos deste velho-menino sentimental a arrastar por onde quer que ande, um fardo imenso e pesado de reminiscências de belos acontecimentos idos e românticos.
7 de setembro agora é um vídeo-tape que levo como um riscado de fita de um antigo filme. Longa metragem que protagonizei em preto e branco na aurora dos meus verdes anos. Um circo melodramático montado no mesmo campinho da várzea em que tanto joguei e tentei imitar meus ídolos: Zico, Dicá, Tiquinho, Adílio e Dinamite.
7 de setembro agora é uma paisagem descolorida e amarelada sob a moldura de um quadro negro pendurado na parede da minha memória cansada carregada de esquecimento. Um livro velho empoeirado, escrito aos poucos, capítulo por capítulo por mim mesmo no pretérito dos meus sentimentos mais ousados.
7 de setembro agora é um passado que nunca passa por completo, arquivado no meu íntimo. Um recordar profundo em que de novo me vejo rejuvenescido mergulhado num turbilhão de lembranças e outros pensamentos alvissareiros.
7 de setembro agora é um sonho antigo de inesquecíveis desfiles em que marchei pelas ruas do passado com o sol a pino. Passo marcial, raros arroubos de civismo. Desfile estudantil romântico, cadenciado sob os sons bonitos da fanfarra - taróis de couro e de nylo. Cornetas, bumbo e pratos em meio aos estribilhos dos meus companheiros de colégio. Uma longa cronologia dos anos em que minha mãe me seguia de perto como que também manchando, carregando nas mãos uma Fanta laranja a mitigar meu cansaço e a minha sede de soldinho de chumbo.
7 de setembro agora é uma lembrança que não tem tamanho. Um acontecimento distante, inexorável. Deixado para sempre na poeira do tempo passado. Um dia utópico congelado na minha memória para o todo e sempre, mas que nunca esqueço...
(*) José Cícero
Professor, Pesquisador
Secretário de Cultura
Aurora-CE.

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