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Gravura retratando Frei Caneca no momento da sua morte em Recife |
Fazenda Santo Antonio - Aurora onde Frei Caneca acampara com sua tropa |
Rio Salgado sítio Stº Antonio onde Caneca perdido atravessou por 5 vezes |
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Margeando o rio Caneca passou: Caiçara/Crioulas/Stª Cruz/Várzea Redonda/Juiz |
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Fazenda Juiz de Aurora: local onde Caneca foi rendido e preso com os seus |
Fazenda Santo Antonio - 1º local de Aurora onde Caneca se acampou |
Riacho da Caiçara citado no diário de Frei Caneca como das Crioulas |
Provável local onde a tropa do major Lamenha montou acampamento no Juiz |
Em meados de novembro
de 1824 revoltosos da famosa
Confederação do Equador deixaram a cidade do Recife com destino ao Sul do Ceará. Dentre os quais, o histórico e bravo Frei
Joaquim do Amor Divino Caneca, um dos seus
principais idealizadores político-espiritual..
Após passar por parte do território paraibano a tropa alcançou o Ceará pela então vila de
Umari e fazenda Boa Vista em 21 de
novembro de 1824. Seguindo pela localidade de Jenipapeiro, no dia seguinte 23 chegam à fazenda Pendência,
hoje Amaniutuba, município de Lavras.
“Na pendência dormimos e passamos muito mal d’água” escreveu
Frei Caneca em seu diário.
Dia 24 a tropa pernoitou meia légua depois da então vila de São Vicente das Lavras (atual cidade de Lavras da Mangabeira). E pela manhã do dia 25 descansaram na fazenda Santo Antonio já no território de Aurora, antiga Venda. Após um pequeno fogo naquelas imediações na margem oposta do rio, conforme narra o frei, a tropa rebelde meio que atordoada após a refrega buscava a referida fazenda e, praticamente ficou a andar em círculo tendo, inclusive, atravessado o rio Salgado por seis vezes, antes de finalmente encontrar o Santo Antonio onde descansaram.
Dia 24 a tropa pernoitou meia légua depois da então vila de São Vicente das Lavras (atual cidade de Lavras da Mangabeira). E pela manhã do dia 25 descansaram na fazenda Santo Antonio já no território de Aurora, antiga Venda. Após um pequeno fogo naquelas imediações na margem oposta do rio, conforme narra o frei, a tropa rebelde meio que atordoada após a refrega buscava a referida fazenda e, praticamente ficou a andar em círculo tendo, inclusive, atravessado o rio Salgado por seis vezes, antes de finalmente encontrar o Santo Antonio onde descansaram.
No mesmo dia o frei
anotara em português arcaico: “as estradas são largas, porém com outros e valles
ruins para artilharia e montes famosos para a guerrilha”. Queriam eles encontrar
alguma cabeça de gado para saciar a fome do grupo, mas não encontraram, de
onde partiram ao amanhecer do dia 26, seguindo pela estrada do almocreve que
margeava o Salgado em grande parte do trajeto. Temendo encontrar inimigos, passaram por fora
da vila de Venda(Aurora).
Ansiavam os rebeldes chegar à vila de Missão Velha e de lá à cidade do Crato, onde iriam hastear a bandeira de um Brasil independente, cuja causa era defendida pelo movimento.
Ansiavam os rebeldes chegar à vila de Missão Velha e de lá à cidade do Crato, onde iriam hastear a bandeira de um Brasil independente, cuja causa era defendida pelo movimento.
Na noite do mesmo dia, dormiram no sítio Várzea Redonda há cinco
léguas do Santo Antonio. Por precaução havia contornado a então vila da Venda
Grande temerosos de que lá existiam inimigos à espreita. Novamente Caneca anotara em seu diário suas impressões sobre o trajeto:
“As estradas sendo largas em geral, são de tudo montanhosas e pedregosas...”
Na altura do riacho da Caiçara antes de chegarem à Várzea das Crioulas – conforme ele – uma grande planície cercada de caatinga e muitos arvoredos inóspitos - ocorreu mais um confronto. Sendo que cinco inimigos foram abatidos. Três baixas na parte da tropas de Caneca, dentre as quais do tenente Mafaldo do 1º batalhão de frente, além de mais dois feridos gravemente, incluindo um soldado que se concentrava disfarçado.
Na altura do riacho da Caiçara antes de chegarem à Várzea das Crioulas – conforme ele – uma grande planície cercada de caatinga e muitos arvoredos inóspitos - ocorreu mais um confronto. Sendo que cinco inimigos foram abatidos. Três baixas na parte da tropas de Caneca, dentre as quais do tenente Mafaldo do 1º batalhão de frente, além de mais dois feridos gravemente, incluindo um soldado que se concentrava disfarçado.
Depois das Crioulas passou com dificuldade por um corte
grande, todo cheio de troncos de árvores deixados no caminho pelos inimigos para dificultar
a passagem dos rebeldes, sobretudo das carroças e bois que puxavam as armas de grosso
calibre. Depois das 18h baixaram
acampamento já nos limites da Várzea Redonda. De lá, por volta das 10 h da
manhã do dia 27 chegaram ao sítio Juiz
- pertencente ao mosteiro dos Beneditinos de Olinda-PE. No lugar resolveram descansar já por volta das 13
horas. Escreveu ele: “A estrada é má pelos montes e vales de que se compõem”. Chegaram todos exaustos batidos pelo cansaço da jornada e pela quase total ausência de alimentos.
Na fazenda juiz foi feita uma espécie simbólica de
proclamação do movimento ao povo cearense. O próprio frei Caneca, capitaneou o
tal ato cívico.
Na manhã do dia seguinte 28 de novembro, segundo consta; o
tenente do 4º batalhão com o subterfúgio
de ir vasculhar a região a procura de alguma cabeça de gado para alimentar as
tropas, desertou. Sem gado para saciar a
fome, foram forçados a sacrificar dois bois de cargas, justamente os responsáveis pela
condução das peças de artilharia. A intenção era, na manhã do dia posterior 29 de novembro
continuar a marcha com destino à vila de
Missão Velha onde, esperavam conseguir ajuda e comida junto aos simpatizantes daquela freguesia. E de lá seguiriam para à vila do Crato.
Notícias davam conta de que no Crato os chamados legalistas do império tinham hasteado a bandeira de Portugal e retirado o estandarte brasileiro defendido pelos confederados. O que conforme Caneca, seria o primeiro ato a fazer no Crato, combater a tropa do império e, na sequência fazer a reposição em ato público da bandeira genuinamente brasileira.
Notícias davam conta de que no Crato os chamados legalistas do império tinham hasteado a bandeira de Portugal e retirado o estandarte brasileiro defendido pelos confederados. O que conforme Caneca, seria o primeiro ato a fazer no Crato, combater a tropa do império e, na sequência fazer a reposição em ato público da bandeira genuinamente brasileira.
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Retrato à óleo de Frei Caneca |
No entanto, ainda no
Juiz da Aurora por volta das 4 horas da tarde foi
visto no alto do morro pela
retaguarda muita gente, tanto a
pé quanto a cavalo. O que logo se descobriu se tratar das tropas do imperador, ou seja, seus inimigos.
Sem perda de tempo, assinalou Caneca no seu diário, o comandante da artilharia José Maria
Ildefonso logo pôs todos em posição de
combate, fazendo, inclusive os primeiros disparos de fuzil.
De repente, para a surpresa de todos, os inimigos desfraldaram
uma bandeira parlamentar. Baixaram a guarda em sinal de paz. Um emissário
portando uma carta foi enviado pelo
major Lamenha, comandante das tropas inimigas. Na sua missiva, Lamenha
aconselhava os revoltosos a pôr um fim
ao combate. Prometendo por seu turno, o
perdão do imperador para com os confederados. Frei Caneca não quis capitular,
primeiro por uma questão de princípios e idealismo pátrio. Depois, por não acreditar naquela
promessa. Não confiara no tal perdão imperial. Mas teve que seguir a maioria
dos revoltosos, seus amigos. Notadamente após, como ele mesmo denominaria de um
fato “indigno” do comandante do 1º
batalhão João de Deus que, antes mesmo
da decisão conjunta da sua tropa, passou
em ato continuo para o lado inimigo. Rendidos, todos foram em seguida para o acampamento do
major no lado oposto do serrote.
Após o ocorrido, na
mesma tarde deixariam o acampamento na condição de prisioneiros. Conduzidos de volta sob a escolta
dos defensores do império. Tendo dormidos maias à frente na Várzea das Crioulas. Na manhã do dia 30 de
novembro, os prisioneiros chegaram por
volta do meio-dia à vila de São Vicente há seis léguas de distância, onde
pernoitaram e de lá seguiram na tarde do dia 1º de dezembro de volta ao Recife.
Na capital de Pernambuco ‘um tribunal assassino’ comandado
pelo general Fco. de Lima e Silva - pai do Duque de Caxias condenou à morte cerca de onze revoltosos, sendo
Frei Caneca o 1º a ser assassinado. Não fora enforcada como determinava o
veredicto, ante a recusa dos carrascos. Terminou sendo fuzilado por um dos soldados da tropa imperial.
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FILME-DOCUMENTÁRIO SOBRE A PASSAGEM E PRISÃO DE FREI CANECA
PELA REGIÃO DE LAVRAS E AURORA, SERÁ PRODUZIDO NO COMEÇO DE 2014, AFIRMA SECRETÁRIA DE CULTURA DE LAVRAS:
Para resgatar toda esta saga relacionada a bravura do mártir
Frei Caneca. Além da sua passagem por
Lavras e a sua prisão ocorrida no
sítio Juiz de Aurora é que estão sendo ultimados os preparativos com vistas a produção do filme-documentário
que terá como narrador o Dr. Dimas Macedo, filho ilustre de Lavras. A notícia
nos foi repassada pela própria secretária de cultura daquele município –
Cristina Couto, durante conversação com o este secretário.
Pesquisa de campo e mapeamento do itinerário de Frei Caneca e seu amigos em solo aurorense
Com o propósito de contribuir com o tal projeto é que
estivemos durante nos últimos dois dias(quinta e sexta-feira)26 e 27 de dezembro) numa pesquisa de campo nos sítio: Santo
Antonio, Calumbi, Caiçara, Crioulas, Várzea Redonda e
Juiz - itinerários percorridos por Frei Canecas e seus aliados dentro do território
de Aurora em novembro de 1824, quando finalmente foi rendido no sítio Juiz.
Sem dúvida, uma importante iniciativa que objetiva, dentre
outras coisas, resgatar e difundir junto à população grandes momentos da nossa
verdadeira história. Fatos e acontecimentos realmente emblemáticos que,
curiosamente, a chamada história oficial
durante muito tempo tentou em vão esconder das novas gerações.
A prefeitura de Aurora por intermédio da sua secretaria de
cultura e turismo também apoia este grande projeto audiovisual que será muito útil à preservação da memória história
da nossa região, do Ceará e do país.
Uma iniciativa das mais significativas e pioneiras da pasta lavrense para que se
possa efetivamente reescrever nossa verdadeira história. Não apenas aquela
escrita pela pena dos vencedores, mas, sobretudo, pelos oprimidos.
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Por José Cícero -Secretário de Cultura e Turismo
Aurora - CE.
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(*) Com base nas informações contidas no Livro Diário de Frei Caneca.
Fotos: JC, Jean Charles e Adriano de Sousa Anão. - Secult-Aurora.