Por José Cícero Para os estudiosos do Cangaço, sobretudo como um fenômeno social genuinamente sertanejo, este aniversário de nascimento do renomado cangaceiro nordestino se reveste de um motivo especial, posto que em agosto a região do Cariri cearense estará se mobilizando e concentrando forças com vistas à realização de mais um grande evento que terá a temática lampiônica como ‘pedra angular de toque’.
De modo que reunirá num só espaço(de cinco municípios caririenses) uma verdadeira plêiade de pesquisadores, admiradores, estudiosos e outros conferencistas convidados para juntos tratar do cangaço e seus principais desdobramentos até os dias atuais. O evento deste ano terá como tema: coronéis, beatos e cangaceiros. Por sinal, um dos assuntos mais intrigantes e não menos palpitantes desta região.
Em sua segunda edição será mais uma vez organizado pelo Cariri-Cangaço que tem a frente o Sr. Manoel Severo e outros parceiros, inclusive institucionais.
Mas, a propósito, o que o aniversário de nascimento de Virgolino tem a ver com este acontecimento? Alguém por uma série de razões poderia muito bem se perguntar.
À guisa de resposta eu diria: que o cangaço, malgrado toda a discórdia de alguns estudiosos, foi sim, um fato histórico relevante e, absolutamente representativo de uma fenomenologia social dos nossos sertões, esquecidos ao ‘Deus dará’. Onde a figura do Estado quando muito não passava de uma miragem e a lei, como de resto, uma idéia sem nenhum efeito prático.
Enfim, um verdadeiro ‘salve-se quem puder’; aliás um campo aberto para os desmandos de toda sorte, bem ao gosto dos poderosos coronéis que se sentiam donos da terra e das almas. Estes que, muito antes de ‘O Cabeleira’ e Lampião, já havia instituído os seus exércitos particulares de jagunços e outros expedientes similares.
O crime, a pilhagem, o roubo e a impunidade, há muito já constituíam a rotina macabra daqueles grotões dos esquecidos pelos políticos poderosos do litoral. Então, como resistir a este estado de coisa? O que restava aos pequenos, aos oprimidos e explorados dos rincões nordestinos vivendo como que perdidos nos confins do mundo? Um abandono secular somado à ignorância e a miséria provocada pelas secas sucessivas. Restou aos ousados, a tentativa de resistir, reagir e sobreviver como podiam. Muitos dos quais, aprenderam este ofício, o modus operandi da profissão de bandoleiros dos sertões nos próprios grupos de jagunços e criminosos dos patrões – os temíveis coronéis, vivendo como verdadeiros deuses e, portanto, acima da lei.
Lampião, queiramos ou não, foi a um só tempo: protagonista e vítima desta conjuntura granítica e social dos sertões nordestinos.
O Brasil e o Nordeste, portanto, ao rememorar o seu aniversário dão prova de que, tanto ele(Lampião) quanto o cangaço são ainda hoje, evidências importantes desta assertiva histórica. Quer seja, a de que o rei do cangaço encarnou de alguma maneira o sentimento de muito outros oprimidos e explorados num esforço de reação aquela situação por que passavam os sertões.
Por gravidade, muitos dos cangaceiros tomaram gosto pela coisa, pela vida relativamente fácil fazendo assim do cangaço um meio de vida. Daí resultando um verdadeiro corolário de crimes e outros absurdos. O cangaço por várias razões foi uma faca de dois gumes.
No entanto, até hoje é preciso que se diga, todo ambiente sem lei, é palco aberto para a desordem e a criminalidade. E os sertões viveram duramente esta história de descalabro numa perspectiva das mais desoladoras. Quando mais uma vez os sertanejos do eito, vítimas dos patrões e da miséria tornaram de novo presas fáceis da cabroeira dos diversos grupos de cangaceiros espalhados pelo Nordeste afora. Razão pela qual, muitos dos crimes e dos fatos supostamente imputados à Lampião e seu bando, não foram verdadeiros. Crimes às vezes por demais horripilantes também foram cometidos pelo Estado, por meio das volantes onde também se inseriram bandidos da jagunçada.
O certo é que Lampião foi um homem além do seu tempo. Uma figura cuja história se confunde com a própria história de luta, sofrimento e resistência do povo sertanejo do Cariri e alhures. Seu aniversário, por fim, torna-se um momento especial para que todos nós façamos uma reflexão, quem sabe, diferente, de todas as que já fizemos. No sentido de que possamos quem sabe, perceber, a verdadeira importância com que se reveste ainda hoje, a figura de Virgolino e o fenômeno do cangaço para toda a história sociológica e política dos sertões e do Nordeste em geral.
Nesta premissa é que pouco importa saber se foi Lampião, bandido ou herói. Tanto o Cangaço quanto o seu ícone mais importante se constituem como um dos fenômenos mais enigmáticos já ocorridos nas paragens nordestinas.
Com cerca de 85 anos de sua primeira incursão pelo Cariri, Lampião com seu bando visitara em diversos momentos as cidades de Juazeiro do Norte, Barbalha, Jati, Jardim, Aurora, Porteiras e Missão Velha. Muitas vezes ajudado que foi pelos coronéis-coiteiros, os mesmos que como ele, possuíam também sua jagunçada e bebiam na taça do mesmo propósito. Lampião é uma lenda viva e, seu aniversário de nascimento ou de morte precisa fazer parte do nosso calendário histórico cultural posto que detêm a saga e o sofrimento da nossa gente.
Por isso digamos viva ao Cariri Cangaço-2010. E, deste modo a memória histórico-sertaneja de Virgolino, o Lampião.
De modo que reunirá num só espaço(de cinco municípios caririenses) uma verdadeira plêiade de pesquisadores, admiradores, estudiosos e outros conferencistas convidados para juntos tratar do cangaço e seus principais desdobramentos até os dias atuais. O evento deste ano terá como tema: coronéis, beatos e cangaceiros. Por sinal, um dos assuntos mais intrigantes e não menos palpitantes desta região.
Em sua segunda edição será mais uma vez organizado pelo Cariri-Cangaço que tem a frente o Sr. Manoel Severo e outros parceiros, inclusive institucionais.
Mas, a propósito, o que o aniversário de nascimento de Virgolino tem a ver com este acontecimento? Alguém por uma série de razões poderia muito bem se perguntar.
À guisa de resposta eu diria: que o cangaço, malgrado toda a discórdia de alguns estudiosos, foi sim, um fato histórico relevante e, absolutamente representativo de uma fenomenologia social dos nossos sertões, esquecidos ao ‘Deus dará’. Onde a figura do Estado quando muito não passava de uma miragem e a lei, como de resto, uma idéia sem nenhum efeito prático.
Enfim, um verdadeiro ‘salve-se quem puder’; aliás um campo aberto para os desmandos de toda sorte, bem ao gosto dos poderosos coronéis que se sentiam donos da terra e das almas. Estes que, muito antes de ‘O Cabeleira’ e Lampião, já havia instituído os seus exércitos particulares de jagunços e outros expedientes similares.
O crime, a pilhagem, o roubo e a impunidade, há muito já constituíam a rotina macabra daqueles grotões dos esquecidos pelos políticos poderosos do litoral. Então, como resistir a este estado de coisa? O que restava aos pequenos, aos oprimidos e explorados dos rincões nordestinos vivendo como que perdidos nos confins do mundo? Um abandono secular somado à ignorância e a miséria provocada pelas secas sucessivas. Restou aos ousados, a tentativa de resistir, reagir e sobreviver como podiam. Muitos dos quais, aprenderam este ofício, o modus operandi da profissão de bandoleiros dos sertões nos próprios grupos de jagunços e criminosos dos patrões – os temíveis coronéis, vivendo como verdadeiros deuses e, portanto, acima da lei.
Lampião, queiramos ou não, foi a um só tempo: protagonista e vítima desta conjuntura granítica e social dos sertões nordestinos.
O Brasil e o Nordeste, portanto, ao rememorar o seu aniversário dão prova de que, tanto ele(Lampião) quanto o cangaço são ainda hoje, evidências importantes desta assertiva histórica. Quer seja, a de que o rei do cangaço encarnou de alguma maneira o sentimento de muito outros oprimidos e explorados num esforço de reação aquela situação por que passavam os sertões.
Por gravidade, muitos dos cangaceiros tomaram gosto pela coisa, pela vida relativamente fácil fazendo assim do cangaço um meio de vida. Daí resultando um verdadeiro corolário de crimes e outros absurdos. O cangaço por várias razões foi uma faca de dois gumes.
No entanto, até hoje é preciso que se diga, todo ambiente sem lei, é palco aberto para a desordem e a criminalidade. E os sertões viveram duramente esta história de descalabro numa perspectiva das mais desoladoras. Quando mais uma vez os sertanejos do eito, vítimas dos patrões e da miséria tornaram de novo presas fáceis da cabroeira dos diversos grupos de cangaceiros espalhados pelo Nordeste afora. Razão pela qual, muitos dos crimes e dos fatos supostamente imputados à Lampião e seu bando, não foram verdadeiros. Crimes às vezes por demais horripilantes também foram cometidos pelo Estado, por meio das volantes onde também se inseriram bandidos da jagunçada.
O certo é que Lampião foi um homem além do seu tempo. Uma figura cuja história se confunde com a própria história de luta, sofrimento e resistência do povo sertanejo do Cariri e alhures. Seu aniversário, por fim, torna-se um momento especial para que todos nós façamos uma reflexão, quem sabe, diferente, de todas as que já fizemos. No sentido de que possamos quem sabe, perceber, a verdadeira importância com que se reveste ainda hoje, a figura de Virgolino e o fenômeno do cangaço para toda a história sociológica e política dos sertões e do Nordeste em geral.
Nesta premissa é que pouco importa saber se foi Lampião, bandido ou herói. Tanto o Cangaço quanto o seu ícone mais importante se constituem como um dos fenômenos mais enigmáticos já ocorridos nas paragens nordestinas.
Com cerca de 85 anos de sua primeira incursão pelo Cariri, Lampião com seu bando visitara em diversos momentos as cidades de Juazeiro do Norte, Barbalha, Jati, Jardim, Aurora, Porteiras e Missão Velha. Muitas vezes ajudado que foi pelos coronéis-coiteiros, os mesmos que como ele, possuíam também sua jagunçada e bebiam na taça do mesmo propósito. Lampião é uma lenda viva e, seu aniversário de nascimento ou de morte precisa fazer parte do nosso calendário histórico cultural posto que detêm a saga e o sofrimento da nossa gente.
Por isso digamos viva ao Cariri Cangaço-2010. E, deste modo a memória histórico-sertaneja de Virgolino, o Lampião.
José Cícero
Secretario de Cultura
Aurora-CE.
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