Apenas um pouco mais de pessimismo, simplesmente para destoar do convencional...
Todos se alegram e se aprontam para receber sob verdadeiro júbilo de entusiasmo o ano-bom. Uma intensa áurea de festividades e emoções sentimentais parece cobrir por completo a urbe distraída demais perante a velha feira das vaidades humanas.
A vida tem o seu instante da mais pura esperança. E a fauna humana se reveste da mais feérica sinergia. Os espíritos se irmanam e se desarmam em favor das utopias. De modo que a espera do ano-novo é um acontecimento sem tamanho. Uma comemoração que desconhece fronteiras geográficas e sociais. Uma festa de luz, quase tão românticas quanto em outros tempos.
Mas todos esperam e se preparam para a noite de ano. Todos se vestem da sua melhor roupa e do mais alto dos entusiasmos. As esperanças pelo menos neste instante especial derrubam todos os obstáculos que os separam do otimismo. Na crença na prosperidade do futuro do ano que se avizinha como uma carruagem de fogo quase que totalmente desgovernada. Como diria o grande Raul “Charrete que perdeu o condutor”.
As dores e as mazelas do mundo por um longo momento festivo têm seu espaço de trégua. Um armistício dedicado a ousadia dos que não se deixam vencer pelo pessimismo pós-moderno, assim como pela gana dos que elegeram a vida como um teatro, num estratagema para ludibriar sempre os outros, geralmente os mais fracos. Mas infelizmente, a noite de passagem de ano não dura para sempre... É, quase um piscar de olhos.
Mas a festa deveria se perpetuar pela vinda inteira. As pessoas deveriam se vestir de mais humanismo, sensatez e reflexão acerca do mundo, da vida calcadas nos principais valores que assinalam os grandes princípios morais da humanidade. Contudo, neste aspecto intrínseco, tudo é como se fosse pura fantasia de papel crepon. Prestes a se desfazer com os primeiros ventos da madrugada.
No nascer do dia novo, quase tudo continua como Dante, um sofrimento perpétuo. Todos se vêm diante do velho muro das lamentações. Todos se sentem sob o fio da navalha e por entre feras. Outros mais têm a estranha “necessidade de também ser fera, como um dia dissera o poeta. As esperanças começam de novo, uma a uma, a serem devoradas pela besta-fera a correr solta neste mundo cão. Quando, enfim, a cidade amanhece os homens retiram suas máscaras. A desfaçatez volta a ocupar o seu lugar de sempre...
Algumas dessas máscaras se ajustam tanto aos semblantes das pessoas, ao ponto de ninguém conseguir mais conseguir retirá-las da própria pele. E ficam assim, com elas para sempre. Tornando se ainda mais irascíveis, amorais e fisiológicos. O faz-de-conta passa então, passa a ser regra de etiqueta. E como sofrem os que insistem em ser verdadeiros. Os que preferem ser justos por princípio. Os que se negam a aceitar tal estado de coisa. Os chamados anormais... Os que, portanto, não se deixam ser escravos do poder, do dinheiro e, tampouco das aparências.
Os que nunca se dão por satisfeitos simplesmente por estarem comodamente estabelecidos no lugar-comum. Os que mesmos instados a se calarem diante da ignorância e da prepotência, gritam. E gritam alto! E por força da sua indignação pensam, por assim dizer, em voz alta. Estes se renovam a cada ano. E o ano sempre será novo por conta deles...
Feliz Ano-novo e uma boa noite de ano a todos...
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Prof. José Cícero -
Aurora - CE.
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Um comentário:
Esta é a parte mais difícil, a renovação do próprio EU!
Muitos se rotulam,permanecendo em seu próprio conteúdo.
Felizes os que procuram ser verdadeiros,com certeza não tropeçarão em orgulho.
Vanilda SP.
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