Aurora é um presente do Rio Salgado, as nossas raízes históricas estão intimamente ligadas ao tecido social criado ao redor do rio. Matar o rio é matar todo o processo social etnográfico. É negar a história do homem caririense. É o nascimento das trevas, na quebra dos laços e ilações familiares, comunidades e por extensão a sociedade. Tratar o rio como um grande esgoto do Cariri, pode ser bom para os industriais, para os empresários, para o capitalismo selvagem, porém, o prejuízo com a destruição desse ecossistema é um preço que as futuras gerações talvez não possam pagar. Todo o micro sistema ambiental será modificado, a natureza não dá salto e nós carirenses não podemos nem devemos saltar para trás. O Grito de alerta do professor e escritor José Cícero ainda é uma oportunidade para que o poder público, a iniciativa privada e o povo em geral repensem as suas condições de consumidores e ofereçam uma oportunidade ao meio ambiente. Do contrário, a vida tornar-se-á inviável, e penso que o primeiro a ser extinto será o Homo Sapiens.
Planeta que chora*
Reflito sobre a vida
sobre o mundo rotativodo
universo exuberante
da beleza do ser pensante
do mundo mágico criativo;
É o solo, é a existência roída
de um planeta que chora, exaurido.
De uma fumaça de gás cumprimido
De um berço que faz sentido.
De uma paisagem destruida
que teimo em desfrutar -
a reta um ponto vai ficar
o fim, o começo a externar
O espaço a gritar
O ambiente somente?
A água? A selva? O mar? E nós humanos?
O planeta chora. A inteligência ignora?
Onde iremos morar?
sem terra, sem piso, sem ar
sem fogo, sem água, sem mar?
por que a poluição? o farelo da destruição
O lixo cultural? O rio é um esgoto
O mar está morto.
O ar é aborto
de quem quer abortar, assim, volto ao pó.
não tem reciclagem é uma viagem,
mas viajo só?
(*) Luiz Domingos de Luna
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