CHAPADA DO ARARIPE – CARACTERÍSTICAS GERAIS DE SUA ÁREA DE INFLUÊNCIA (1)
Luiz Carlos Aquino(autor) |
As potencialidades naturais e econômicas da
Microrregião Cariri se constituem em significativas vantagens comparativas no
contexto não apenas do Estado do Ceará, mas do Nordeste como um todo. A
disponibilidade de solos profundos, bem drenados, férteis ou com pequena
restrição de fertilidade permite a exploração de culturas diversas, associadas
a agroindústrias agregadoras de valores. Os acidentes geográficos favorecem a
suavidade do clima, agradável nas encostas da Serra do Araripe e quente em
outras áreas, mas, de modo geral, aprazível.
O acervo paisagístico, combinado com o clima
agradável de uma região serrana e com toda uma infra-estrutura de balneários
dinamiza o Setor do Turismo. Sem falar na riqueza cultural, em suas várias
manifestações, e nas potencialidades do turismo científico em um dos mais ricos
sítios arqueológicos do País – a Reserva Fossilífera da Chapada do Araripe.
Ademais, não se pode deixar de destacar a importância do turismo religioso,
centrado na figura do Padre Cícero, que atrai devotos de várias procedências.
Por sua vez, a posição estratégica em relação às
capitais nordestinas, transforma o Cariri num importante Pólo Comercial do
Nordeste, “com fácil acesso a um mercado de mais de 40 milhões de
consumidores”. Neste caso, tomando como eixo central o aglomerado urbano
formado pelas cidades vicinais de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha, onde
está concentrado um considerável parque industrial, além do exuberante setor de
serviços.
Numa dimensão ambiental ou ecorregional, o município
de Jardim é parte integrante da CHAPADA DO ARARIPE; um extenso planalto situado
entre os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí. Nessa Biorregião, o clima vai de
tropical quente sub-úmido a tropical quente semi-árido brando, a depender da
altitude e da longitude. Também obedecendo a este gradiente submete-se a
precipitação média anual, que varia de 698mm no setor ocidental a 934mm no
setor oriental; mas acima dos 1.000mm sobre as chapadas mais altas. O período
chuvoso ocorre entre dezembro e maio.
No topo da chapada predomina os Latossolos, bem
formados, profundos, de fertilidade natural baixa e textura arenosa a
areno-argilosa, com acentuada drenagem, a ponto de disponibilizar pouca água de
superfície. Aliás, a água que se infiltra sobre a chapada corre por baixo do
solo até emergir nas encostas dando origem às inúmeras fontes d’água que
embelezam o Vale Caririense. Na cuesta, há uma maior diversidade de tipos de
solos, que ainda apresentam em geral maior fertilidade natural do que os
Latossolos do topo. A altitude varia de 700 a 950m em relevo tabuliforme. Quanto à
vegetação, ocorre a Floresta Pluvial (basicamente nas encostas da chapada) além
de formações caracterizadas pela transição Floresta/Cerradão, Cerrado e
Carrasco.
Desempenhando importante papel na manutenção do
equilíbrio ecológico, climático, hidrológico e edáfico do Complexo Sedimentar
do Araripe encontra-se a FLORESTA NACIONAL DO ARARIPE – FLONA; a primeira
Unidade de Uso Sustentável criada no Brasil (Decreto 9.226, de 02.05.1946). Tem
uma área territorial de 39.262,326 hectares, abrangendo parte dos
municípios de Santana do Cariri, Crato, Barbalha e Jardim. Em sua relevante
importância de exploração sustentável a FLONA fornece alimento (pequi, cajuí,
mangaba, etc.), energia (material lenhoso seco) e remédio (fava-d’anta ou
faveira, janaguba, barbatimão); além da atração turística pela recreação e
lazer, educação ambiental, pesquisa científica, etc.
No aspecto socioeconômico a região caracteriza-se
pela presença de atividades extrativas (produtos florestais não madeireiros e
plantas empregadas com fins alimentícios, medicinais e ornamentais),
agropecuárias (cana-de-açúcar, abacaxi, mandioca, fruticultura, gado leiteiro,
apicultura, ovinocaprinocultura etc.); industrias de transformação (gesso,
couro e calçados, indústrias de alimentos, têxteis e farmacêuticas);
artesanato, comércio e serviços; vida cultural e religiosa (romarias e
peregrinações); turismo etc.
Com relação ao extrativismo, as comunidades
extrativistas ali encontradas, ao longo de décadas vêm utilizando a
Fava-d’anta, também chamada de Faveira (Dimorphandra gardneriana), o Pequi (Caryocar coriaceum Wittm.) e a Janaguba (Hymathanthus articulatus). É o extrativismo da fava-d’anta o de maior
importância econômica, dado o grande interesse da indústria farmacêutica. A rutina, substância bioflavanóide presente nas vargens,
“desempenha função na normalização da resistência e permeabilidade das paredes
dos vasos capilares” e é totalmente demandada pela empresa alemã MERCK. Também
de relevante importância econômica e social está a cata do pequi, cujos frutos
são utilizados na alimentação humana e para extração do óleo. Por outro lado,
“a elevada demanda do mercado aumenta a pressão sobre as populações naturais
das espécies, visto que todo produto comercializado é oriundo do extrativismo.
Apesar de décadas de extração, não se verifica o desenvolvimento de estudos
(ecologia, demografia, dinâmica de populações etc) que avaliem o impacto da
extração sobre as populações naturais das espécies envolvidas de forma a
assegurar a sustentabilidade dessas atividades extrativistas.
(1) O artigo é parte de um Laudo Técnico produzido em
2008, com referência ao Município de Jardim/CE, integrante da Chapada do
Araripe;
*(2) LCAP - Engenheiro Agrônomo, graduado pela Universidade
Federal do Ceará;
Mestre em Economia Rural pela
Universidade Federal do Ceará
Perito Federal Agrário do INCRA -
CEARÁ
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