'Um viajante do mundo que nunca teme o caminhar'. É assim que muito poderia se definir o jovem senhor Roberto
Carlos Macedo Silva de 41 anos. Natural de Aurora, atualmente residente
em Brasília e que a exatos 37 anos havia deixado a sua terra natal
então com 4 anos de idade. Por todos estes anos alimentou a vontade de
conhecer seu torrão de origem e rever parentes que aqui ficaram. Mas o
fez de um modo original, quiçá absolutamente diferente. O que ele
denomina de uma aventura romântica, quando por fim decidiu vir de
bicicleta, já que aspirava refazer o mesmo percurso que fizeram os seus
pais quando emigraram para à capital federal na busca de melhores dias.
E
o fez com ousadia. Na bagagem, além do unicamente necessário, um pouco
de coragem e muita utopia. Algo que, segundo ele, nem pesou tanto nos
lombos da sua única companheira de viagem - uma velha bicicleta
amarela(adaptada). Uma monark sua companhia por cerca de 25 dias de
penosas pedaladas até enfim chegar à Aurora. Fato ocorrido na manhã da
última quarta-feira, dia 1º de setembro. Uma aventura realmente para
poucos.
Filho do casal aurorense o
sr. Lourival Vicente da
Silva e da sra. Maria Leite Macedo, o aventureiro Roberto Carlos se diz
evangélico da igreja Batista e um voluntário do bem que resolveu
conhecer parte do Brasil na direção do seu torrão. Segundo ele no
sentido de melhor compreender um pouco mais da alma humana e a vida do
povo brasileiro, principalmente dos seus irmãos sertanejos e
nordestinos. Uma caminhada incessante, como quem procura além de si
mesmo, encontrar os motivos para a sua verdadeira felicidade. Uma
andança corajosa e destemida, onde o cansaço não passara de um mero
detalhe. Um reencontro consigo mesmo a partir do mito natal, o seu
nicho de nascimento.
Ouvidor C.Herivelton e R.Carlos |
E uma vez
chegando em Aurora, o aventureiro foi recebido inicialmente pelos
agentes do Demutran, em seguida pelo pessoal da prefeitura municipal(
gabinete e o ouvidor municipal Cícero Herivelton). Logo foi orientado
acerca dos endereços dos seus familiares: Macedo, Leite e Silva. No rol
das suas lembranças mais antigas Aurora era apenas uma imagem distante
quase perdida na poeira cósmica do passado. Uma via-láctea de absolutas
reminiscência. Um quadro desbotado quase poético de uma vilazinha prenhe
de florestas, cortada por um rio fluente sob um sol dos trópicos, tal
qual um narrativa ipse literis de uma ilação romântica da pena do
próprio poeta autóctone Serra Azul.
Quase
de um fôlego visitou vários dos seus parentes ainda residentes na
cidade. Em seguida foi até o distrito de Santa Vitória lugar de origem
do seu clã. Foi bem recebido com a velha e boa hospitalidade do povo
sertanejo. Regressar as nossas raízes ancestrais é como se nunca
tivéssemos indo embora...Com um jeito simples e amigável caiu nas
graças, não somente dos parentes, mas de tudo quantos o conheceram.
Gostou do que viu. Do povo, da hospitalidade e da sensação quase
inenarrável de ter pisado novamente no sagrado chão onde nascera um dia.
Respirar seu ar bucólico. Sentir a concretude das suas coisas... Um
sentimento que eleva todos aqueles que mantêm-se de algum modo ligados
às suas raízes mais distantes. Nenhum sentimento de mundo pode ser
verdadeiro e realmente universal se não partir do seu quintal. E isso o
aurorense Roberto Carlos provou e fez com a maior das elegâncias. Por um
momento de trégua, se desfez da velha sensação de 'não-lugar', coisas
das metrópoles...
Roberto ao lado de JC e Fco Araújo |
Na
quinta-feira(12) esteve visitando a secretaria de cultura local sendo
recebido pelo secretário José Cícero e equipe da pasta(ver fotos). Ocasião em que
prestigiou a exposição de fotografias antigas e obras de artes de
autores aurorenses. Passou por diversas ruas da cidade. Contemplou o
Salgado, a igreja matriz, o casarão do coronel Xavier. Além da antiga
estação ferroviária e andou demoradamente pelas ruas do bairro Araçá
onde igualmente conheceu antigos vizinho dos seus país do riacho do
Bordão de Velho.
"Minha cidade, além de
bonita e bem cuidado superou meus sonhos quando por todos este anos
imaginei conhecê-la. Revê-la na sua integridade de coisas e de pessoas.
Estou feliz, E isso é algo que nao tem preço". Certamente boas
impressões da sua terra, agora irão compor o conjunto daquilo que o
mesmo levará de volta na velha bicicleta monark, além da saudade e da
sensação que vivera de um modo deveras especial. Aquilo que muitas vezes
a gente chama por absolutamente falta de outro nome - simplesmente de
momento eterno.
Mas a aventura de
Roberto não terminou aqui. Na madrugada desta sexta-feira(13) pegara a
estrada de volta a BR-116 na direção da capital Fortaleza onde visitará
outra gama de familiares. De lá é que retornará para Brasília de
avião. Refeito dos esforços e do cansaço, tem o propósito de escrever
um livro - 'Pedalando com Jesus', narrando em detalhe toda a sua
aventura, bem como as suas descobertas interiores.
Quando perguntado se o cansaço foi um obstáculo na sua viagem. Ele afirmou que não. As dificuldades foram mesmo
os momentos de solidão, o medo da criminalidade e as estradas que
enfrentou no mais das vezes perigosas e sem acostamento adequado. Sem
esquecer a escassez de água e alimentação em grandes trechos das
rodovias. O pernoite também foi um problema considerável quando foi
obrigado a dormir nos locais mais ermos e inusitados, como nas
capelinhas e ao lado das cruzes que beiram as estradas deste país. Mas
tudo isso faz parte, disse ele. Caso necessário, começaria tudo de
novo... Valeu a pena!
Nossas sinceras saudações a este aurorense de boa índole e de coragem.
...................
José CíceroAurora - CE.
Fotos: Adriano de Sousa Anão
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