Neste dia 7 de fevereiro comemoramos(ou pelos menos deveríamos ter comemorado) o Centenário de nascimento do imortal homem do Bem - D. Hélder Câmara. Decerto, a maior figura que o nosso Ceará já projetara para o Brasil e o mundo. Um homem singular. Um nordestino que compreendeu sofrendo a dura linguagem da dor com que os sertanejos(quase sem exceção) aprenderam a duras penas, a sobreviver confiantes na misericórdia de Deus. Por isso fez da sua própria vida um sacerdócio em favor dos pobres, miseráveis e oprimidos do Nordeste, do Brasil e do Mundo. Simplesmente porque para ele, nenhuma fronteira existe para os que sofrem as injustiças em qualquer parte do planeta. Por sua luta, também se tornara um perseguido pelos asseclas da ignorância e do poder.
D. Hélder teve o poder que o animava, mas nunca se fez um homem do poder. Foi padre, foi Bispo de Olinda-PE. Como um homem de Deus e de coragem não vacilou nem por um instante, naquilo que decidiu empreender em favor dos desfavorecidos da sorte e da guerra social. Ao seu modo, procurou dá a única arma que dispunha aos que precisam manter-se vivo diante da dura faina da sobrevivência – a fome de justiça e a consciência de que a conquista seriam imperativos dos que lutam e fazem com que as coisas e o bem aconteçam para todos. O crucifixo ao peito era seu escudo. Ao contrário de muitos, nunca compartilhou com a idéia e, tampouco com o discurso de que a pobreza e o sofrimento existiam porque Deus os queria. A riqueza material assim como a miséria absoluta eram produtos unicamente da esperteza dos homens. E por sua vez não constituíam realidades imutáveis. Seus assistidos compreenderam isso.
Por sua estreita dedicação aos pobres, fora certa feita, igualmente acusado de comunista. E a partir daquele momento, também sofreu na pele a perseguição e a covardia dos poderosos. Dos que, invés de Deus no coração mantinham o desejo de poder. Porém, nada disso o afastou dos oprimidos. Muito pelo contrário – juntou-se a eles. Ou mais, fez-se o tempo todo um deles...
Enquanto sacerdote de Roma conseguiu fazer da religião que o animava e professava, um verdadeiro instrumento de Deus, por meio do qual seria possível transformar a vida para melhor através da solidariedade, da justiça, da educação e da verdade. Desta maneira fizera cumprir como nunca, a assertiva cristã da divisão efetiva do pão e do amor com os que deles necessitavam, sobretudo os desgraçados dos sertões e os perseguidos do asfalto, por quem sobreviver apenas mais um dia no mundo-cão já era um grande milagre.
Dom Hélder foi um autêntico jardineiro do bem e da justiça social... Por isso é inconcebível que hoje, justamente na data do seu centenário, quase ninguém e quase nada seja visto à guisa de lembrança, no nosso meio, sobretudo nas igrejas, nos estratos do poder, nas escolas e, tampouco na imprensa. É como se o nosso conterrâneo ainda estivesse por algum motivo sendo perseguido, por esta que é seguramente, a pior forma de degredo e de exílio, que é o ostracismo e o esquecimento quase total. Sabia que tínhamos memória curta, mas não tanto para esquecer D. Hélder. Será que alguém se esquecer tão rápido assim dos BBB’s da vida, do tri-campeonato, do Pelé, das novelas das oito, da musicazinha apelativa de sucesso, das bundas rebolantes, da Carla Perez, do livro fraquinho do Paulo Coelho?! e por aí vai...
Mas, nosso irmão do bem é de fato inesquecível. Porque o seu exemplo de coragem, entrega, amor, desprendimento e dedicação aos oprimidos não morre nunca. O futuro a partir de hoje, já começa a provar que D. Hélder foi e será para o todo e sempre, um homem póstumo. Nós é que ainda estamos atrasados rememorá-lo. Por isso viverá para sempre naqueles que nunca perderam a esperança, a ousadia e a capacidade de lutar pelo que consideram justo e necessário à concretização dos seus sonhos.
Arrisco-me a dizer que as nossas utopias mais gritantes daqui para frente terão a marca e o próprio nome do velho homem do bem: D. Hélder Câmara. Graças a Deus!
Uma maldade saber-se que na véspera do seu centenário um prédio público(TRT de Fortaleza) do nosso Ceará tenha quase retirado (seu nome) como antiga homenagem a D.Hélder – um símbolo da luta contra a ditadura e uma vez até concorrente ao prêmio Nobel da Paz.
Mas, a memória de D. Hélder permanecerá como uma rocha plantada no meio da caatinga do Ceará e do próprio Nordeste desafiando as inclemências do sol, assim como a sequidão das pessoas e a solidão do poder. Porque todo o resto, D.Hélder estará lá de cima intercedendo por nós ao lado de Deus. Posto que suas palavras ainda ecoam aos ouvidos dos que têm ouvidos para ouvir e dias para sonhar todas as utopias de viver.
Um pouco de D. Hélder viverá para sempre em cada um de nós, que não desistimos de acreditar numa vida possível: mais fraterna, prazerosa, igualitária, harmoniosa, solidária e de justiça social para todos.
Mesmo sabendo que poucos são ainda ao que conseguem rebuscar no fundo da memória esta lembrança. Por que aqui no Brasil é assim.
Existe uma verdadeira cultura que instiga e apregoa aquilo que denominamos de “memória do esquecimento”. Somos por natureza psicológica, eternos e inveterados ‘esquecedores’. Por isso, não é de todo errado a velha afirmação que diz que os “brasileiros têm memória curta”. Quem sabe pela nossa própria história de percalços e sofrimentos, a natureza impôs a genética do dom de esquecer rápido o nosso passado. Uma maneira de não continuarmos sofrendo permanentemente, a memória do passado por intermédio do presente e do futuro. Mas, digamos, isso é uma desculpa deveras espalhafatosa. Apenas mais uma no meio de tantas outras, dentre as quais a própria falta de uma educação mais consistente e popular aos moldes dos mestres Paulo Freire, Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro.Viva D. Hélder! E que D. Hélder viva para sempre em nós..
D. Hélder teve o poder que o animava, mas nunca se fez um homem do poder. Foi padre, foi Bispo de Olinda-PE. Como um homem de Deus e de coragem não vacilou nem por um instante, naquilo que decidiu empreender em favor dos desfavorecidos da sorte e da guerra social. Ao seu modo, procurou dá a única arma que dispunha aos que precisam manter-se vivo diante da dura faina da sobrevivência – a fome de justiça e a consciência de que a conquista seriam imperativos dos que lutam e fazem com que as coisas e o bem aconteçam para todos. O crucifixo ao peito era seu escudo. Ao contrário de muitos, nunca compartilhou com a idéia e, tampouco com o discurso de que a pobreza e o sofrimento existiam porque Deus os queria. A riqueza material assim como a miséria absoluta eram produtos unicamente da esperteza dos homens. E por sua vez não constituíam realidades imutáveis. Seus assistidos compreenderam isso.
Por sua estreita dedicação aos pobres, fora certa feita, igualmente acusado de comunista. E a partir daquele momento, também sofreu na pele a perseguição e a covardia dos poderosos. Dos que, invés de Deus no coração mantinham o desejo de poder. Porém, nada disso o afastou dos oprimidos. Muito pelo contrário – juntou-se a eles. Ou mais, fez-se o tempo todo um deles...
Enquanto sacerdote de Roma conseguiu fazer da religião que o animava e professava, um verdadeiro instrumento de Deus, por meio do qual seria possível transformar a vida para melhor através da solidariedade, da justiça, da educação e da verdade. Desta maneira fizera cumprir como nunca, a assertiva cristã da divisão efetiva do pão e do amor com os que deles necessitavam, sobretudo os desgraçados dos sertões e os perseguidos do asfalto, por quem sobreviver apenas mais um dia no mundo-cão já era um grande milagre.
Dom Hélder foi um autêntico jardineiro do bem e da justiça social... Por isso é inconcebível que hoje, justamente na data do seu centenário, quase ninguém e quase nada seja visto à guisa de lembrança, no nosso meio, sobretudo nas igrejas, nos estratos do poder, nas escolas e, tampouco na imprensa. É como se o nosso conterrâneo ainda estivesse por algum motivo sendo perseguido, por esta que é seguramente, a pior forma de degredo e de exílio, que é o ostracismo e o esquecimento quase total. Sabia que tínhamos memória curta, mas não tanto para esquecer D. Hélder. Será que alguém se esquecer tão rápido assim dos BBB’s da vida, do tri-campeonato, do Pelé, das novelas das oito, da musicazinha apelativa de sucesso, das bundas rebolantes, da Carla Perez, do livro fraquinho do Paulo Coelho?! e por aí vai...
Mas, nosso irmão do bem é de fato inesquecível. Porque o seu exemplo de coragem, entrega, amor, desprendimento e dedicação aos oprimidos não morre nunca. O futuro a partir de hoje, já começa a provar que D. Hélder foi e será para o todo e sempre, um homem póstumo. Nós é que ainda estamos atrasados rememorá-lo. Por isso viverá para sempre naqueles que nunca perderam a esperança, a ousadia e a capacidade de lutar pelo que consideram justo e necessário à concretização dos seus sonhos.
Arrisco-me a dizer que as nossas utopias mais gritantes daqui para frente terão a marca e o próprio nome do velho homem do bem: D. Hélder Câmara. Graças a Deus!
Uma maldade saber-se que na véspera do seu centenário um prédio público(TRT de Fortaleza) do nosso Ceará tenha quase retirado (seu nome) como antiga homenagem a D.Hélder – um símbolo da luta contra a ditadura e uma vez até concorrente ao prêmio Nobel da Paz.
Mas, a memória de D. Hélder permanecerá como uma rocha plantada no meio da caatinga do Ceará e do próprio Nordeste desafiando as inclemências do sol, assim como a sequidão das pessoas e a solidão do poder. Porque todo o resto, D.Hélder estará lá de cima intercedendo por nós ao lado de Deus. Posto que suas palavras ainda ecoam aos ouvidos dos que têm ouvidos para ouvir e dias para sonhar todas as utopias de viver.
Um pouco de D. Hélder viverá para sempre em cada um de nós, que não desistimos de acreditar numa vida possível: mais fraterna, prazerosa, igualitária, harmoniosa, solidária e de justiça social para todos.
Mesmo sabendo que poucos são ainda ao que conseguem rebuscar no fundo da memória esta lembrança. Por que aqui no Brasil é assim.
Existe uma verdadeira cultura que instiga e apregoa aquilo que denominamos de “memória do esquecimento”. Somos por natureza psicológica, eternos e inveterados ‘esquecedores’. Por isso, não é de todo errado a velha afirmação que diz que os “brasileiros têm memória curta”. Quem sabe pela nossa própria história de percalços e sofrimentos, a natureza impôs a genética do dom de esquecer rápido o nosso passado. Uma maneira de não continuarmos sofrendo permanentemente, a memória do passado por intermédio do presente e do futuro. Mas, digamos, isso é uma desculpa deveras espalhafatosa. Apenas mais uma no meio de tantas outras, dentre as quais a própria falta de uma educação mais consistente e popular aos moldes dos mestres Paulo Freire, Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro.Viva D. Hélder! E que D. Hélder viva para sempre em nós..
Por: José Cícero
Aurora-CE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário